É, estou demorando para escrever sobre o dia 29 de julho. O tal dia que seria meu sétimo aniversário de casamento. Talvez eu esteja demorando porque a cada dia pense algo de diferente sobre aquele dia... Não é fácil pensar sobre algo tão significativo.
Como eu disse a ele, não quis ir embora porque não o amava. Muito ao contrário. Acredito até que eu ainda o ame. É que a gente tinha, tem, jeitos diferentes de ver o amor. Enquanto eu queria que ele me amasse simplesmente, com o coração, com a simplicidade, ele me amava de um jeito prático. Eu passei dois anos querendo engravidar, ele só quis ter filho quando eu resolvi ir embora. Nosso tempo nunca combinava. Quando da minha partida, queria que ele me oferecesse apenas amor. Ele me ofereceu tudo, tudo, tudo, menos amor. Teria sido um mundo perfeito se ele me amasse. Eu me doei de todo o coração... Mas não aconteceu. Sim, teria sido um mundo perfeito. É como se tivéssemos sido feitos um para o outro. Lindos, fortes, saudáveis, cheios de ambição, cheios de desejos. Agora eu estaria grávida... Feliz, com um barrigão, compando enxoval. Daria tudo certo, tudo certo... Mas não deu. Também não posso acusá-lo de não me amar. Só que a gente encara o amor de jeitos diferentes. Não dá para explicar, dizer algo a alguém que não está aberto a ouvir. O mundo gira muito, rotação e translação. Quem sabe um dia Deus nos coloque no caminho um do outro novamente. Eu o adoro, e ficaria feliz. Ou talvez não. Seja como for, espero que ele seja feliz, porque ele merece.
Sei que estou feliz agora. Cada pequeno passo que dou é uma decisão minha. Me sinto livre fazendo minhas próprias escolhas. Posso sair com meus amigos, ver filmes, passear, até ir à igreja. Me afastei de quase todas as pessoas que gostava e deixei de fazer quase tudo que gostava por causa do casamento. Não, ele não me proibia de nada. Eu é que fui, quase que radicalmente, me obrigando a ficar em casa e só sair com ele. Virei uma velha claustrofóbica. Agora estou forte, animada e cheia de vida. É como se antes tivesse uma grande muralha na minha frente. Derrubando a muralha, pude ver um enoooorme campo aberto, com flores, brisa e sol morno. Foi tão difícil me separar que acredito que posso fazer absolutamente tudo que quiser, até uma viagem à Lua, sei lá. Estou forte e convencida das minhas capacidades pessoais.
A Pocahontas é a única princesa que reconhecidamente deixou o seu príncipe. Ela o amava, mas eles viam o mundo de forma diferente. Pocahontas depois encontrou outro. Não era bem um príncipe, mas era bacana com ela e ela pôde ver o quanto o rapaz de antes não lhe fazia par. Ela tinha a grande qualidade da coragem, mas o grande defeito de pensar demais... Encontrei esse trecho de autoria desconhecida, na internet: "Ela sofre mais do que a maioria, mas também consegue viver de momentos, os mais felizes, aqueles que muitas não chegam sequer a almejar. A mulher Pocahontas é rara. Arrisca, vive a 100 ou a zero, oscila entre o preto e o branco, mas veste-se sem pudor de todos as tonalidades de cinzentos. A Pocahontas vê o cinzento onde a maioria vê o vazio, a inconstância e a indefinição. A mulher Pocahontas não foge, os outros é que fogem dela. A mulher Pocahontas dá muito e espera que os outros lhe dêem o mesmo que ela está disposta a dar, só exige o que consegue oferecer. Sofre, mas enquanto não sofre é muito feliz. Bem aventurados os que conquistam uma Pocahontas."
E musicar a reflexão, vamos de Vanessa da Mata novamente... (aliás, tem show dela dia 14 de agosto no Canecão e eu queria muito irrrrr :( ):
"Nosso sonho
Se perdeu no fio da vida
E eu vou embora
Sem mais feridas
Sem despedidas
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar
Nossas juras de amor
Já desbotadas
Nossos beijos de outrora
Foram guardados
Nosso mais belo plano
Desperdiçado
Nossa graça e vontade
Derretem na chuva
Um costume de nós
Fica agarrado
As lembranças, os cheiros
Dilacerados
Nossa bela história
Está no passado
O amor que me tinhas
Era pouco e se acabou"
*****
"Ela não tem preço
Nem vontade
Ela não tem culpa
Nem falsidade
Ela não sabe me amar
Ela não tem jogo
Nem saudade
Ela não tem fogo
Nem muita idade
Ela não sabe me amar
Ela não saberá
Coisa de amor
De irmão
Que ela insiste e que me dá
Toda vez que eu tento
Ela sofre
Poderia ser medo
Mas como é possível?
Mas então seu amor não é meu
Nem eu o seu
Pois então que será minha amada
Amadora?
Se eles não têm pose
Nem maldade
Eles não têm culpa
Nessa cidade
Eles não sabem amar
Coisas da vida"
Jacaré-açu (Jacaré-Negro)
Há 3 anos
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