segunda-feira, 20 de abril de 2009

sapomorfose, parte IV - pra acalmar o coração temporariamente



"Não sei se vou ou se fico
Não sei se vou ou se fico, não, não
Onde eu estiver
Quero estar com você
Hare, hare, krishna
Hare
Hare, hare
Hare, krishna
Krishna, krishna"
*
*
*
O velho recurso de me levar pra viajar, usado até o esgotamento da paciência no relacionamento anterior. Adoro essa coisa de paisagem linda, ele dirigindo... Adoro essa coisa de homem dirigindo. O Sana é um lugar lindo que só... Pena que eu não levei a minha câmera. Não tenho tirado muitas fotos ultimamente. Estava triste e não queria registrar a minha tristeza. Quase não tirei fotos desde que ele chegou. Não publiquei nada, eu que costumo tirar 350 mil fotos, não tirei umas 20. Nem queria mexer na máquina. Mas no Sana me deu vontade... Começou a ficar bom estar com ele. Senti falta de ter uma câmera pra registrar os passeios.
*
Passamos na ponte do indiana jones, no pasto, no cemitério... Demais... Cachoeiras lindas, tão lindas... Escorrega d'água natural, caminhadas lindas... Jantamos em um restaurante tão romântico, sopa de batata baroa, pãozinho, barulho do rio... Que delícia... O Sana é um lugar bem gostoso...
*
Cismei que queria ver um show de forró ao vivo. Ia ter Raiz do Sana no camping da ilha, eu queria ir. Comprei os ingressos, perguntei, o show ia começar 24. Tarde né, mas tudo bem , a gente dá uma descansada e volta. Fomos para a posada, ele capotou no sono. O acordei era tipo 1:40. Vamos, vamos, quero ver o show. Ele levantou meio contrariado, meio puto de eu ter comprado os ingressos, mas pô, eu perguntei o que ele achava e ele disse que tudo bem. Levanta, quero ver o show. Saímos da pousada e ele me perguntou onde era, no caminho das cachoeiras, eu disse. Começamos a andar numa rua, eu achei escura, quis voltar e ir pelo centro. Ele começou a reclamar feito surtado. Falou, falou, falou... Disse que eu não sabia o caminho, que eu estava fazendo ele andar à toa, que ele já sabia, que eu não falasse que sabia quando não sabia, como é que eu podia estar com um ingresso de um lugar que eu nem sabia onde era... Ih... Mas falou um monte... A gente não andou nem uma rua errado e já achou o caminho, mas ele foi falando até lá... Eu falei, pô cara, cê tá com frio, fala de qualquer coisa, fala de árvore, de estrela, de cachoeira, mas não enche a porra da minha paciência. Pronto, fiquei de mau humor. E ele falando feito um velho caduco. Chegamos no camping so show, nada do show começar. E eu de cara feia, e ele também. O show só foi começar lá pras 3 da manhã. Dançamos 3 músicas e ele pediu pra ir embora, pediu desculpas e pediu pra ir embora. Ok.
*
Fomos para a pousada e eu não quis ir pro quarto, sentei na sacada pra olhar as estrelas, muito puta. Ele sentou comigo e veio me pedir desculpas. Desculpas por o quê? Você sabe. Não, não sei, me fala, quero saber o motivo das desculpas. Desculpa por ter sido grosso com você, não deveria ter falado aquelas coisas. Tá bom, um ENORME progresso, percebeu que eu fiquei triste e está me pedindo desculpas. Desculpado. Mas da próxima vez que eu errar um caminho diga: tudo bem, meu bem, a gente encontra junto. Cansada de disputar. Isso não é campeonato... Ninguém tem que ser melhor do que ninguém... Relacionamento é estar junto, é construir junto, é formar equipe e não competir... Pára de falar "eu sei, eu já sabia..." Não é o detentor da verdade... Me desculpa, me desculpa... Fomos deitar, eu estava triste, fiquei chorando por dentro.
*
Daí eu tive uma visão, mais uma. Um cômodo branco, tão branco, feito de luz, uma luz tão branca que chega azulada, enevoada... Uma mesa feita de luz, em formato de estrela, que subia pra aparar um vaso de cristal. Um vaso de cristal translúcido, comprido, com uma flor amarela dentro, uma flor linda como uma gérbera. Uma imagem de paz, de luz, uma imagem tão linda... Achei que era um bom sinal, acho que é um bom sinal. Dormi.
*
Acordamos tarde... Ê coisa boa dormir numa cama boa, que não faz barulho, dormir sozinhos...Dormir sozinho é muito bom, ficar sozinha com ele é muito bom... Bom acordar junto, mesmo com aquele jeito dele de me apressar, bom, muito bom. Tomamos café no hotel e fomos caminhar. Não pudemos subir no Peito do Pombo porque já era tarde, da próxima nós vamos. Mas fizemos uma caminhada linda... Tomamos banho de cachoeira rasteirinha no chão, sol... Sol lindo abençoando e lavando a alma. Lindo dia. Depois voltamos ao hotel, deitamos um pouquinho, tomamos banho e fomos almoçar antes de vir embora. O Mengão ganhou o campeonato (ê coisa boa!) com gol contra do Botafogo (com gol contra mais legal ainda!), pena que não deu tempo de ver o jogo. Tomamos sorvete, compramos a passagem dele, vimos um filme com Will Smith no DVD. Ele quis ir embora à tarde, às 14, diferente de de manhã, como eu havia previsto.
*
Resolvi aproveitar esse tempo pra botar os pingos nos Is. Acordamos cedo, ficamos um olhando pra cara do outro. Começamos a conversar, não lembro o que ele falou, mas alguma bobagem, das de sempre. Daí eu respirei fundo, ufffffffffffff, e comecei a descascar. Falei tudo, t-u-d-o, TUDO de tudo. Desde o início. Como é que ele poderia dizer que me amava se só sabia ver defeito em mim. Que amor é esse? Faça uma lista das coisas que você gosta em mim e das que não gosta. É amor de quê, amor de ir pra cama? Não, ele disse, eu amo os seus sentimentos, amo o que tem dentro do seu coração... E que amor é esse, que se você me ama por dentro, me critica tanto por fora? Eu sou assim, ele disse, eu sempre fui assim, quero mudar as mulheres... E eu aposto que ninguém gosta, aposto que ninguém aturou esse seu jeito... Eu não aguento... Tem 10 anos que eu não digo que amo ninguém, ele disse. Eu entendo, mas não pode ser assim, cara. A gente tem que se somar, você tem que parar de competir. Isso não é uma competição. Temos que ver os pontos bons de cada um, se somar, formar uma equipe... Não dá pra gente ficar competindo quem machuca mais quem, eu não quero viver assim... Deixei uma vida, um passado pra trás porque não estava feliz, não quero fazer errado novamente... Depois de 7 anos de trabalho e deixando tudo pra trás, meu ex-marido teve a cara de pau de me chamar de interesseira... Você sugere que eu quero o seu dinheiro com 1 mês que você está aqui... Quem é você pra me tratar assim, cara... Fica esperto, eu vou te deixar, eu vou te deixar... Quase te deixei umas 3 vezes, pelo menos... E eu não quero, eu quero tentar.... Você tem 30 anos, está na hora de tentar... Se não der certo não deu, mas não parte do pré-suposto que não vai dar... Quem sabe a gente tenta e se dá bem, quem sabe a gente pode ser feliz... Vamos tentar... Sei que com você vai dar certo, vai funcionar, ele disse... Então tenta direito... Então me respeita, me trata bem... Para de ficar me catando, cavando pereba, cavando defeito... Eu sou humana, tenho perebas e defeitos que nem todo mundo... Quanto mais de perto me olhar, mais defeitos vai ver... Tem que aprender a me amar desse jeito, me aceitar desse jeito. Imagina como seria a vida se pudéssemos mudar tudo? Imagina se você tivesse o poder de me transformar naquilo que você quer? O que você quer, uma boneca Barbie? Eu não sou sua boneca e nunca quero ser... Se você me trata assim no meu país, dentro da minha casa, com minha família, meus amigos... Imagina como pode ser na França? Com você pagando as minhas contas, imagina? Não pode, cara... Eu não vou te dar esse poder... Pensa no que você quer de mim, o que você quer para o seu futuro, onde eu posso me encaixar nesse futuro... Em dezembro eu conheci um homem maravilhoso, um príncipe encantado, eu esperei por ele 3 meses, tudo que fiz foi esperar por ele durante 3 meses... Um belo dia ele sumiu, ele disse que vinha e nunca veio... Por favor, se você encontrar Romain por aí, diz a ele que eu o amo, diz a ele que vou esperar por ele pra sempre, que estou sentindo saudade.... Não fala assim que você me deixa triste, ele disse... E eu? E eu, como eu estou triste? Esperei um príncipe e você chegou cheio de pedras na mão pra me criticar, me tratando mal... Eu não te trato mal, ele disse, trata sim, eu disse. Me perdoa. Eu te amo, eu te amo, eu te amo. Eu estou certo de que é com você que eu quero ficar. Eu posso estar nervoso, mas eu te amo, eu continuo sendo a mesma pessoa. É claro que eu vou ser diferente com meus amigos, eu vou ser diferente no meu país, mas eu vou fazer o melhor por você... Eu te amo, i love you, je t'aime, ele disse... Eu achei a coisa mais linda do mundo. Mas disse: se liga, eu vou te deixar. Por favor, se liga, se não eu vou te deixar. Abracei ele forte, forte, foooorte... Começamos a falar de futuro, começamos a falar de casa nova na França, de projetor que é meu sonho de consumo e ele vai comprar pra gente, que vai botar uma tvzinha na cozinha pra eu ver novela... Começou a falar de planos e eu fiquei emocionada... Obrigada... Agora eu vi o Romain denovo, agora eu vi o Romain denovo.
*
Fiz anotação de como ele tinha que fazer quando pegasse o táxi no Rio, pedi que ligasse assim que chegasse. Ele ligou. Ligou tão amoroso... Ligou de noite, ligou no dia seguinte, ligou denovo. Pra dar bom dia, pra dar boa noite. Mandei e-mail pra ele e ele respondeu.
*
*
*
"RAINNING ALL THE DAY...HORRIVIO

I LOVE THIS ONE

KISS"

*
*
*

*
*
*
Se tudo continuar como está, vou em agosto. Amo o Romain. Por tudo e apesar de tudo.

*
*
*
Dave Mattews, "I let you down":
*
"I let you down
Let me pick you up
I let you down
Let me climb up you to the top
So I can see the view from up there
Tangled in your hair
I let you down
I have no lid upon my head
But if I did
You could look inside and see
Whats on my mind
I let you down, oh, forgive me
You give me love
Let me walk with you, maybe I could say
Maybe talk with you, open up
And let me through
Dont walk away
Dont walk away
I have no lid upon my head
But if I did
You could look inside and see whats on my mind
You could look inside and see whats on my mind
I let you down
How could I be such a fool like me
I let you down
Tail between my legs
Im a puppy for you love
Im a puppy for you love
I have no lid upone my head
But if I did
You could look inside and see
Whats on my mind , oh its you
I let you down
Im a puppy for your love
Im a puppy for your love
Forgive me
Forgive me
Forgive me
I let you down"
*

sapomorfose, parte III - observando


Primeiro dia sem ele. Esperei que ele me ligasse, esperei que ele me ligasse já pra saber como eu tinha chegado de viagem. A viagem foi péssima, estava muito cansada, quase bati o carro umas 20 vezes. Graças a Deus, tudo bem, cheguei bem. Ele não ligou. Liguei pra ele era umas 19, ele passou o dia na praia, surfando. Eu estava com tanta saudade... Ouvindo Alicia Keys, "How come you dont call me?". No dia seguinte esperei ele ligar, ele ligou. Começou a ligar, não ligou o quanto eu gostaria. Passaram os dias e foi batendo uma saudade... Saudade nele e saudade em mim. Tinha dia que eu pensava com raiva, tinha dia que eu só sentia saudade. Saí todos os dias com minha amiga Pomy. Pomy é um anjinho que Deus botou no meu caminho, minha companhia nessa cidade de gente abstrata, Deus abençoe a Pomy. Escrevi um e-mail para ele, contando que não podeira mais vê-lo tão cedo, que compreendo que ele está de férias, que quer e deve viajar, mas que eu não tenho grana para seguí-lo, que não me sinto à vontade pra usar o dinheiro dele, que queria que ele se divertisse muito, mas que me deixasse trabalhar caso ele realmente quisesse que eu fosse pra França com ele. Me respondeu prontamente, com I LOVE YOU bem grandão. Disse que compreendia a minha situação com o meu trabalho e minha família, que eu tome o tempo que fosse necessário, mas que ficar no Rio sem mim não tem graça. Fiquei feliz, fiquei feliz, fiquei apaixonada... Achei tão bonitinho o e-mail dele. Queria colocar aqui, mas já escrevo demais, já é pessoal demais, imagina copiar e colar o e-mail dele. Ainda bem que ainda não entende português e ninguém que entende lê meu blog, senão ele poderia ficar chateado. Ele não sabe que eu publico esse monte de coisas pessoais. Mas, pessoalmente, isso é parte de mim e seria legal que ele aceitasse. Mas não sei se eu acharia legal contarem opiniões tão pessoais a meu respeito. Não sei, precisaria pensar sobre isso. Enfim. O e-mail é lindo, acreditem, o e-mail é curtinho mas é bem lindo. Dia seguinte ele me ligou. Coisa mais linda do mundo... Me ligou dizendo que não queria ficar sem mim, que ele pagava o combustível do Roberto (meu carro), que pelamordedeus eu fosse ficar com ele no fim de semana. Vou pensar, vou pensar... Tô com muita saudade! Vou pensar... Imagina... Lógico que eu vou! Saudade danada...
*
Fui na sexta, peguei o ônibus de 17:40. Cheguei no Rio quase 21, o motorista era lerdo... E pra escolher roupa pra ir? Ô desgraça! Romain é do tipo "cliente azul cerúleo", gosta do modelo e não gosta da cor, gosta do modelo e da cor, mas não gosta do feitio. Arrumei uma malinha enxuta, com o básico, fui de havaiana e levei dois sapatos de salto.
*
Foi tão lindo quando eu cheguei... Ele estava sozinho no apartamento. Me olhou de um jeito tão carinhoso... Me abraçou de um jeito tãaaooo amor... Me senti querida, me senti amada... Ele disse que eu estava linda, perfumada, disse que não queria passar mais de duas semanas sem me ver... Que não queria mais viver sem mim... Foi tão lindo, tão lindo... Estava cansada, dormimos, eu nem troquei de roupa, capotei na cama abraçadinha com ele. Me sentindo querida...
*
No sábado fomos à praia, eu ele e o Sidney. Tinha visto na TV que ia ter ressaca no Rio, mas não imaginava quanto! Quase não tinha areia na praia, a galera se espremia em meio metro pra tomar sol. Cada onda que parecia tsunami! Wraaaaawwwww! Êita marzão! Daí veio um helicóptero dos bombeiro bem rasinho junto da galera, o moço pra fora gritando e fazendo gesto: sai, sai, saiiiii!!!! Não passou dois segundos veio o mar junto.. wwwwwwwrrrraaaaaawwwwww!!! Engulindo tudo! As pessoas perdendo cerveja, máquina, chinelo... Um sol lindo, um dia lindo, um mar lindo e muito louco! Felizmente ninguém se machucou, foi bem bonito e engraçado. Depois o Sid foi pra casa e eu e ele ficamos dando uma volta.
*
Daí ele falou que queria comprar logo a minha passagem. Quê? Não entendi. Quê? Comprar a sua passagem. Você tem que se decidir, quero comprar sua passagem na terça-feira. Ih... Ainda não sei. Preciso pensar. Então pensa. Já tem apartamento em Paria pra ficar, já conseguimos um apartamento. Quero que você se decida e vá comigo. Ai... Não sei... Me deixa pensar.
*
De noite, festa na casa da Dani, lá no Vidigal. Ela é brasileira, morou 10 anos em Paris, casou com um francês descendente de russos, com um nome que fala "vassiá", mas não faço idéia de como escreve. Eles são legais. Reclamou do meu sapato, botei um saltinho. O irmão dele disse que minha roupa estava legal, vestido azul e sapato azul. O irmão dele é uma gracinha, um fofo, muito gentil. Fiz um bolo de cenoura com cobertura de chocolate, todo mundo gostou. Era um churrasco, uma galeeera... A Ludi, uma francesa super fofa, com quem eu joguei pôquer da outra vez, estava lá. Me deu 50 reais pela partida de pôquer, acredita? Me diverti e ainda ganhei uma grana. Show. Conheci mais várias pessoas legais, enchi a cara... Bebi um monte. Misturei caipirinha, caipivodka de lima, cuba libre, wisky, cerveja... Cruz... Ludi fez um sanduichão pra mim, muito bom, já que não como carne... Dancei muito, conversei muito. Eu eu Romain saímos de lá tortos, trocando as pernas. Chega, hora de ir embora... Como diz meu querido Ed Motta: "eu quero mais, só não sei se aguento...". Acordei às 6:20, fui ao banheiro e ainda estava bêbada. Quero beber mais assim não... Esse povo bebe muito, na próxima posso dar vexame... Melhor me controlar...
*
Domingo, dormimos um monte. Compramos o jornal, queríamos ir a um museu. Essa ele já aprendeu: eu gosto de ir a museus. Adivinha? Reclamou da minha roupa. Eu quero é novidade. Reclamei da dele também. Passei uma camisa bonita pra ele usar, apesar dele ter reclamado (aqui no Brasil é assim, benhê, mulher passa a roupa do homem. ele ficou meio chocado de eu saber passar camisa de homem). Não usou a camisa que eu passei, foi de camiseta mesmo. Eu de saia godê, blusa de gravatinha, sapato alto boneca e ele de havaianas e camiseta. Indo pra festas diferentes, mas tudo bem. Resolvemos ir ao Oi Futuro. Passamos num bar no Largo do Machado pra ver o jogo do MMMMeeeengão! Comemos bolinho de bacalhau. Bacana. Depois de ver a exposição, que não foi grandes coisas, passamos nos jardins do Museu da República. Um lugar muito especial pra mim, obrigada... Mas ele não soube muito ser romântico. Quis logo ir embora, sem vibe. Perguntando demais, falando demais, arredio demais, fechado demais. Tá bom, tá bom, vamos embora.
*
Disse que queria ir comigo pra Rio das Ostras, que queria ficar mais um pouco comigo, já que não sabíamos quando nos veríamos novamente. Vamos então. Quis que fôssemos na minha universidade de manhã, para tomar informações sobre uma possível tranferência pra França. Como já era de se imaginar ao que conhecemos da UFRJ, rodei 300 salas e não consegui nenhuma informação contundente. Ele ficou meio revoltado. Quanta desorganização! É, Brasil, mo bein, universidade pública. Depois fomos ao centro da cidade, tinha que comprar umas coisas e ele queria comprar uma mochila. Pegamos o ônibus quase 18, chegamos aqui bem tarde... Legal ficar mais com ele, mesmo buzinando no meu ouvido. Foi bem carinhoso da parte dele querer vir.
*
Ficar aqui na casa todo mundo junto é meio chato. É tenso, sei lá, todo mundo dorme junto, a casa é pequena, meio incômodo. Ele disse que ia ficar uns 2 dias, mas acabou ficando a semana toda. Saímos, fomos no Amendoeiras, fomos no Bar da Boca. Enchemos a cara, meu Deus, bebendo muito... Fomos pra praia 3 da manhã, muito louco... Ficamos namorando no pier... Muito bom ter alguém pra fazer essas coisas. Quando a gente tá junto desse jeito, chego a esquecer das grosserias que ele faz.
*
Mas daí chega o dia seguinte, ele fica arredio e fala alguma merda. Do tipo que não quer se casar nunca, que nunca vai casar comigo... Fala um monte de bobagens, corrige minha postura andando, fala novamente das minhas roupas, quer me mudar fisicamente... Arredio demais, incomodado, me incomoda. Daí passa 5 minutos e fica mais calmo. Sei lá, bipolar. Estranho pensar em viver com alguém assim.
*
Disse que queria viajar comigo no fim de semana. Cismou de ir pra Ibitipoca. Ibitipoca é em Minas, fica 4 horas de distãncia daqui. Liguei pra uma porção de pousadas, mas não tinha vaga em nenhuma. Acabei conseguindo convencê-lo de ir ao Sana, que é muito pertinho daqui e também é lindo. Mas isso é um próximo capítulo, próximo post. Como estou conseguindo desenrolar essa história maluca dentro de mim e dentro dele.
*
*
*
Só sei que estou muito sensível. E pra ilustrar essa sensibilidade, "Quem foi", da musa Marisa Monte.
*
"Quem foi que me deixou
No limite do amor
Entre o lar e a morada
Eu estou entre o adeus
E a contrapartida
No meio do fio
Na corda bamba, é o amor
Entre risos nervosos
Tenho os olhos meus
Sobre os sonhos teus
Deixa o coração
Ter a mania de insistir em ser feliz
Se o amor é o corte e a cicatriz
Pra quê tanto medo
Se esse é o nosso jeito de culpar o desejo"
*
*
*
Gabi no limite do amor, na linha tênue, sem saber se vai ou se fica.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

sapomorfose, parte II, organizando os pensamentos



Domingo, dia seguinte. Fiquei menstruada, que bom. Pelo menos a TPM foi embora. Conversei com Deus, papo A-B. Se eu não fui embora antes, agora vou pensar sobre isso. Pensar sobre dar ou não um chance a ele. Domingo foi um dia bacana. Fomos à praia, depois fomos ao cinema. Acho que na segunda fomos ao museu, não lembro se foi no mesmo dia que fizemos a duas coisas, tá meio trepado na mente. Acho que à tarde fomos ao museu e à noite no cinema. Sei que são os 2 passeios que mais gosto na vida. Vimos filme em casa, só nós dois, quietinhos no quarto... Estava mesmo precisando de ficar um pouco recolhida. Não sou de esbórnia toda noite, isso também me estressa.
*
Pensei muito, pensei muito... Comecei a colocar a cabeça no lugar. Com quem eu estou brigando? Será que mais uma vez estou deixando que a ação do homem que está comigo não passe de um espelho, uma reação? Eu estava brigando com o Romain ou com o Emerson? Muito recente, muito recente... Saí de casa em julho, pouco tempo. Ainda sinto falta dele, ainda sinto que ele entrará pela porta pra me levar pra casa. Tudo muito estranho. O fato de os dois serem parecidos demais piorou a confusão mental. Eu ainda na vibe das brigas finais, brigando com Romain como se quem estivesse me falando fosse Emerson. Ai!!!!! Com quem eu estava brigando? Com Emerson, com Romain ou comigo mesma? Esse foi o ponto de partida para o início de uma reflexão sobre os prós e contras dessa relação. Se eu não fui embora naquela hora, tinha que pensar bem, me dei mais uma chance.
*
Deixei rolar domingo. Não lembro se na segunda ou na terça, viemos para Rio das Ostras. Pedi que ele dirigisse. Coisa boa é ter homem dirigindo, isso me derrete. Eu tranquila, olhando a paisagem, ele dirige tão bem, tão tranquilo... Boto a cabeça no colo dele pra dormir... Que carinho, que carinho. Aos poucos começava mais uma Sapomorfose, o sapo virando rei novamente.
*
A distância da matilha acalmou os hormônios dele. Chegou na minha casa. Minha casa é aquilo que se sabe, quem sabe. Um apartamento bem pequeno, bagunçado, com mais ateliê de costura do que casa. Minha cozinha é pequena, quente e ridícula, dormimos eu, mamy e sara no mesmo quarto, temos 2 camas de casal. Não quis ir com ele a um hotel, quis que ele vivesse a vida que eu vivo, comesse minhas comidas, dormisse na minha cama. Minha mãe foi boazinha e fez carne todos os dias para ele, que boazinha. Eu falava o tempo inteiro, "na minha tribo é assim". Vi tv, saí com a Pomy todos os dias, comi banana em todas as refeições, sentei no chão. Viu como as coisas andam mal pro meu negócio, como a cidade está vazia e os comerciantes estão em dificuldade. Viu a minha vida, suja e pobre como ela é. Não moro em uma Disneylândia na Prudente de Moraes, com sushis e vinhos franceses. Moro numa cidade pobre, com gente pobre, moro numa casa humilde e vivo com dificuldades. Minha praia não tem onda de surfista. Mas é um lugar bacana com gente que eu amo e que me ama, uma família querida e amorosa, dignidade. Acho que ele passou a me respeitar mais. Passou a me ver de perto.
*
Esquisito passar uma mão na barba da fotografia e a outra na barba de verdade. É como se não fosse a mesma pessoa. Eu amei tanto aquela barba na fotografia, acreditei tanto que um dia estaríamos juntos... ou não... Eu sonhei com ele comigo todo esse tempo. Não era possível que ele desfizesse todos os meus sonhos. Eu não ia deixar. Ele tinha que me olhar de perto e eu olhá-lo de perto. Não é possível que não servissemos um ao outro.
*
Cada dia em que ele ficou aqui foi maravilhoso, cada dia. Uma sensação de amor... Uma sensação de que as coisas melhorariam. Teve um dia que estávamos na loja e começamos a discutir novamente questões de moda, coisas que eu gostava e ele não. Ele me chamou de "noiva". Disse que as pessoas podiam ser como quisessem, mas não sua "noiva". Como se eu fosse especial. Eu sou? Não respondi, fiz silêncio. Ele me chamou de noiva, isso soou bem aos meus ouvidos.
*
Voltei a querê-lo bem. Voltei a tentar esquecer aquela pessoa que desceu no Terminal 1 do Galeão só pra me fazer sofrer.
*
Voltamos para o Rio no sábado, eu acho. Sei que está tudo muito recente, mas está embolado na minha cabeça. Sou péssima em cronologia, mal sei o que almocei ontem. Talvez um dia eu perca a memória, talvez. Talvez por isso eu escreva compulsivamente desde os 12 anos, para tentar entender quem eu sou, porque virei esse emaranhado. Tem dia que estou tão confusa que só quero comer. Quero ficar gorda, bem gorda, pra ver se o mundo me enxerga menos. Se a capa de gordura me protege. Tenho vontade de comer o planeta Terra. Tenho que voltar pra ginástica, me ajuda a controlar a boca e aliviar as tensões, mas não tenho dinheiro agora.
*
Então, voltamos pro Rio no sábado, eu acho. A viagem foi tranquila, a partir daí só ele dirige. Não gosto de dirigir, melhor ser dirigida.
*
Ele foi meio que voltando a ser aquele misturado com a matilha. Caramba, como as coisas se misturam na minha cabeça. Não sei quando as coisas aconteceram no sábado ou no domingo. Eu acho que nós chegamos e fomos almoçar no Delírio Tropical, eu e ele. Estava bom, bem gostoso. Depois eu quis tomar um café e sentamos no Espelunca Chic. Como já era de se esperar em algum momento, encontramos um ex meu. Um cara com quem saí umas 3 vezes tempos atrás. Apresentei os 2 e disse a ele quem era o sujeito. Ele ficou ruborizado e me encheu de perguntas. Por que eu vou abrir a minha boca? Ficou com ciúmes mas fingiu que nada aconteceu. Ficou esperando o garçom devolver um troco de centavos. Chamei ele de mão-de-vaca, perguntei se ele era judeu. Cara, dinheiro é pra isso, a gente ganha pra gastar, pra usar pra passear coma sua garota, deixa pra lá. Depois voltamos pra casa e eu achei que íamos no show do Jorge Ben Jor. Me vesti, ele mandou trocar a roupa toda, disse que na França roupa de onça é muito vulgar. Escolheu um vestido pra eu botar. Pediu para que eu o deixasse ver todas as minhas roupas e escolher o que eu posso usar ou não, e quais as combinações que eu posso fazer (coisa de viado). Resolvi responder. Tô cansada de só ouvir sem falar nada. Disse que já que ele tinha resolvido mudar meu jeito de vestir, que eu também ia mudar o dele. Me mostra uma camisa de homem que veio dentro dessa mala? Só anda de camiseta e chinelo. Camiseta é roupa de adolescente! Você não tem mais 18 anos, você tem 30. Tem que vestir camisa de tecido, camisa com botão, feito homem adulto. Walter e seu irmão têm camisas bonitas, se vestem melhor do que você. E chinelo? Aqui no Brasil chinelo é coisa de ficar em casa, ir à praia e no supermercado, isso não é sapato. Se você acha que tem o direito de me mudar, quero te ver usando sapatos. Xeque.
*
Eu tenho ficado toda roxa do jeito que ele me agarra. Dia desses ele disse que queria me bater. Eu falei: bate. Bate. Bate mesmo. Mas bate no quarto, que eu não quero te bater na frente de todo mundo. Bate que eu vou te espancar, vou quebrar cada ossinho do seu corpo, vou te bater por todos os homens que eu sempre quis bater na vida. Bate, que eu sou mais forte que você e te quebro! Ele desistiu.
*
Daí eu pensei que a gente ia no show do Jorge Ben Jor. Saímos pra comprar bebida e cigarros, normal. Passei no banco pra tirar dinheiro. Fiquei naquele suspenso, esperando o que ia acontecer. De repente saíram os 3, e eu atrás meio perdida. Eles carregando sacolas de supermercado, com bebidas dentro. Ué, vocês vão levar bebida quente pra Lapa? Não, a gente tá indo pra uma festa no Vidigal. Hein? Nem bolsa eu levei, tinha pedido pra ele botar as coisas no bolso dele, porque pensei que iríamos dançar. Entrei no táxi, novamente com cara de perdida. Fomos a uma festa na Niemayer, um frente ao Sheraton, no Vidigal. Casa de um casal de franceses. Casa bacana, 3 gatas lindas, casa bacana mesmo. Aquela galera que estava na outra festa, menos uns e mais outros. Divertido. Agora eu já os conhecia e eles já me tratavam melhor. A maioria dos franceses fala português e eu já ando entendendo bem o que os franceses falam em francês. O francês é bem parecido com o português quando se presta atenção, e o que não parece português parece inglês e o que sobra não é tanto assim. Não é tão difícil entender. Música boa rolando, começaram a jogar pôquer. Não sei como joga, podem me ensinar? Uma menina muito legal formou dupla comigo, foi maneiríssimo. Na hora de ir embora, eles queriam, ir e eu não, estava me divertindo. Isso umas 3:30 da manhã. Por fim, ele me elogiou, disse que eu estava muito elegante. Parece que eu passei no teste, consegui me enturmar com os franceses, nem olhei pra ele a festa toda. Que engraçada a cara dele de orgulhoso de mim. Nada a ver.
*
*
*
Comecei a escrever e perdi o fio da meada. Acho que é mais fácil escrever sobre história inventada que história de verdade. Difícil manter a cronologia tendo um monte de coisa na cabeça, se não escrever eu perco mesmo.
*
*
*
Ah, lembrei. Domingo fomos almoçar na casa do meu pai, era aniversário dele na segunda. A casa do meu pai fica em uma área pobre da cidade, uma comunidade, na entrada de uma favela. Ele queria ir pra conversar com meu pai e ver mais perto como é a realidade de um brasileiro comum. Foi bom, foi bom... Conversamos, papai tocou violão, passamos um almoço agradável. Estava um dia lindo, ensolarado, resolvemos ir a Niterói. Acho que ele não entendeu muito bem, Niterói é looonge. Nunca que chegava e nunca que ele parava de reclamar. Pára de reclamar, você está de férias, tá com pressa de quê? Mas ele gosta, gosta de reclamar. E eu reclamando que ele gosta de reclamar. Mas foi bom. Fomos a Camboinhas, vimos um pôr-do-sol lindíssimo, tiramos fotos do MAC, ouvimos música no carro. Chegamos cedo em casa, arrumei minhas coisas para ir embora de manhã.
*
Bom pegar o ônibus sozinha, bom pensar que passaria a semana sem ele. Saudade da minha loja, dos meu amigos de Rio das Ostras. Saudade de dormir sozinha um pouco. Precisando urgentemente de um tempo pra pensar.
*
*
*
A música desse post é uma pergunta. Perguntas, perguntas... Cássia Eller, "Quremos Saber".
*
"Queremos saber
O que vão fazer
Com as novas invenções
Queremos notícia mais séria
Sobre a descoberta da antimatéria
e suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades
Das estepes dos sertões
Queremos saber
Quando vamos ter
Raio laser mais barato
Queremos, de fato, um relato
Retrato mais sério do mistério da luz
Luz do disco voador
Pra iluminação do homem
Tão carente, sofredor
Tão perdido na distância
Da morada do senhor
Queremos saber
Queremos viver
Confiantes no futuro
Por isso se faz necessário prever
Qual o itinerário da ilusão
A ilusão do poder
Pois se foi permitido ao homem
Tantas coisas conhecer
É melhor que todos saibam
O que pode acontecer
Queremos saber, queremos saber..."
*
*
*
Também estou perguntando, também quero saber.

terça-feira, 7 de abril de 2009

sapomorfose: sapo-vira-rei-vira-sapo-vira-rei, parte I




"Quantas vezes uma metade se afastou de mim... E outra já não fez parte... Quantas vezes eu não quis reconhecer quem sou... E no espelho já não tinha ninguém... Quantas vezes eu fugi achando que assim encontraria em sou... Pra ficar em mim... Mas estou tão longe, longe de mim... A vida é assim, como posso viver?", disse Heverton Castro.
*
*
*
Quem acompanhou um pouco dos meus posts desde dezembro sabe. Tudo que fiz foi pensar nele, tudo que fiz foi esperar por ele. Não soube fazer mais do que esperar por ele durante este tempo. Mal consegui trabalhar. Mal consegui pensar em mim, ligar para os meus amigos, até mesmo mal consegui escrever. Desde o dia 19 de dezemro a principal coisa que fiz foi marcar um X em cada dia que se passava no calendário.
*
Então ele chegou. Dia 19 de março, mais ou menos umas 21:30. Comprei vestido novo, não o vermelho, mas um verde bem bacana também. Comprei maquiagem pra ficar bem linda, comprei uma bota de salto alto arrasadora, comprei lingerie pra deixar ele de boca aberta. Comprei roupa de dormir, robe pra ficar em casa feito boa moça, comprei tênis pra correr junto, comprei presente. Lavei o carro, afinal tinha que estar com o carro bem cheirosinho para buscá-lo. Cortei o cabelo no salão, comprei lentes de contato. Pintei a unha 2 vezes, pra ter certeza de que estaria bom. Fui para o aeroporto, cheguei uma hora antes, por aí. Tão nervosa, não parava de bater o saltinho no chaõ. Toc, toc, toc, tooooccc... E o pouso adiando mais 5, 10 minutos. Nada dele chegar. Ansiosa, ansiosa, ansioooosaaa... Aí ele chegou.
*
Com muita cara dele mesmo. Baixinho, bem baixinho, mas jeitosinho. Aquela cor de Renoir, aquela cor rubra. A pele rosadinha, feito carne de salmão. O cabelo encaracolado, daquele encaracolado que eu gosto de ficar enrolando com a mão. A barba... Era ela mesma. A barba cor de fogo que eu tinha me apaixonado. Os mesmos olhos de esmeralda. O perfume era aquele mesmo, o cheiro forte dele. Usava uma jaqueta verde da cor dos olhos com um desenho colorido rabiscado nas costas. Ele chegou como se fosse muito normal eu esperá-lo no aeroporto, como se fosse a milionésima vez que eu fizesse isso. Ninguém gritou, ninguém desmaiou de nervoso, sem grandes furores. Foi meio esquisito falar em Inglês, tive que ativar uma chavinha no meu cérebro. Com pouca bagagem, 2 pacotes de cigarro e umas 3 malas. Pouco para 3 meses. Me trouxe um pacote de revistas. Sentou do meu lado no carro. A sensação que tive foi: é ele mesmo. Seja lá o que isso for.
*
Chegamos no apartamento, o tal que eu ajudei a escolher pela internet. Sidney e Walter vieram ajudar a carregar as malas. Que lindinhos, que educados! O Sidney parece muito mesmo irmão dele. Mesmo cabelo, mesmos traços. Simpático, gostei. Colocamos as coisas no quarto. Essa noite ficou um certo hiato na minha mente. Não lembro bem o que aconteceu. Sei que agente saiu pra jantar, mas sinceramente não lembro onde. Ah, lembrei. Fomos no Garota de Ipanema, bem pertinho à pé. Não comi nada, nem sabia onde colocar os braços. Ele comeu um pedaço de carne enoooorme, de uns 3 quilos e mais pizza. Os meninos acompanharam. Tomei uns 2 chopps e só. Eles falavam em Francês e eu morrendo de vergonha. O jantar passou rápido, liguei pra Pomy no meio, só pra dizer que eu estava desesperada que eles só falavam Francês e eu estava insegura. Ok, casa.
*
Entrei no quarto com cara de virgem. Com cara de quem não tem vaga idéia do que fazer com o corpo. Apagamos a luz e acendemos o abajour. Relaxate. Tirei a roupa. A lingerie acho que ele nem prestou muita atenção. Que coisa boa beijá-lo... Sentir o cheiro dele. Era ele mesmo. O beijo dele é o melhor do universo, disparado. O sexo foi bom, muito bom para uma primeira noite. Muito bom para o que tinha sido em dezembro. Sexo é o de menos, bom mesmo é dormir e acordar junto.
*
Acordar junto. Olhar dentro daquele olhão verde. São 3 seres em separado: ele, a barba e os olhos. O olho é de uma cor tão absurda, tão absurdamente linda... E a pupila que dilata e contrai quado foca... Demais. Coisa linda aquele olho. Dá vontade de dormir e acordar junto pra poder ver aquele olho abrindo e fechando.
*
Acordamos e fomos no mercado, primeiro dia. Como não conheço a zona sul, resolvi ir ao mercado no centro. Um trânsito in-fer-nal, daquele estilo Rio de Janeiro. Passei a comida no meu cartão, porque o dele não passou. Chegamos de volta tarde, tipo umas 14. Fomos pro quarto. Depois ele me "mandou" pra cozinha "gentilmnte", pra fazer almoço. Aí começa a minha via-crucis, conhecendo uma das verdaderas faces de Romain Bovy. Fiz lentilha, arroz integral, panquea de milho. Comecei 3:30 e ele me apressando dizendo que estava demorando, que estavam com fome... Ficou bom, eu achei. Os meninos repetiram 2 vezes. Ele mal botou no prato e não elogiou. Tá bom?, perguntei. Ele balança a cabeça, é, hum, tá. De um jeito bem mal-criado, bem sei-lá-tá-mais-ou-menos. Depois eles quiserem ir ao show do Natiruts, que eu detesto. Fiz compra por telefone, passei no meu cartão novamnte. Ih, arrumei um francês pra sustentar, pensei pela segunda vez. Ele falou mal da roupa que escolhi, fui digindo até a Barra com ele reclamando. Peguei o caminho errado de tanto nervosismo, indo para um lugar que já fui mais de 300 vezes. O show foi ruim como eu esperava, ele quase não me tocou a noite toda. Me senti esquisita. Depois eles me pagaram o dinheiro do ingresso e das compras, que alívio.
*
No dia seguinte não lembro, acho que fomos à Prainha. Os meninos surfaram, eu fiquei esperando na praia. Almoçamos uma sardinha horrorosa. Ele continua esquisito. Saímos à noite, eu acho, não lembro o que fizemos. Talvez tenhamos ido jantar, não lembro Os fatos ficam meio confusos de organizações na minha cabeça, já que não anotei nada. Falando assim, meio solto... Ah, no domingo eu quis ir à igreja e ele foi comigo. Almoçamos na casa da minha tia. Eu estava linda, de vestido novo, ele não disse que eu estava bem, pelo menos ainda não estava com coragem de dizer que eu estava feia. Encontramos a Lilian, fomos no ap novo dela, ele teve a cara-de-pau de perguntar quanto foi e disse que em Pars não se compra nem uma casinha de cachorro com esse dinheiro, que se quisesse comprava um ap daquele. À noite encontramos a Lilian novamente, fomos jantar num restaurante francês. Não sabia onde colocava as mãos. Ele corrigiu minha postura na mesa e vigiou cada um dos meus movimentos. A conta foi mais de 600 reais e eu tive vontade de sumir. Assim, abrir um buraco negro e sumir.
*
Vários fatos esquisitos foram acontecendo. Era como se existissem 3 Romains: um amoroso e delicado que mora na cama, um ditador e tirano que levanta e me manda trocar de roupa, e um terceiro marrento e distante que se mistura com os amiguinhos. Teve um dia que eu o sacudi e falei: ei, quem é você, que monstro é esse que enguliu Romain, porque você não é Romain! Na cama estava 30 vezes melhor, mas a convivência absolutamnte insuportável. E uma disparidade, porque os amigos dele me tratavam muito melhor do que ele.
*
Teve uma noite que pedi pra irmos à livraria, pra tomarmos um café e estudarmos. Que coisa esquisita o jeito que ele me tratava... Eu disse que conheci um francês e brinquei com a frase, "mon mari est francese" (meu marido é francês)... ele respondeu todo grosso: não sou seu marido, sou seu namorado, petit ami... Fiquei tão triste... Me chamar de namorada... Começou a falar uma porção de coisas estúpidas sobre casamento, que nem pensava em se casar tão cedo... Falou que eu tinha que ir na universidade cuidar da minha transferência, mas que não tocasse no nome dele... Desde que chegou não queria nem falar sobre o nosso futuro. Definitivamente não era o mesmo homem que em dezembro disse que se casaria comigo, e que pela internet fez tantos e tantos planos. Algum pouco tempo atrás me pediu para que eu fosse à embaixada ver como seria para nos casarmos e eu que disse que preferia esperar por ele... Quem era esse homem que não queria planejar futuro comigo e que estava me chamando de namorada? Sabe o que é uma namorada? Gente que você come por um tempo e quando enjoa arruma uma briguinha qualquer e joga fora, sem nenhuma pretensão... Arruma outra, troca... Já estou meio velhinha pra isso, não?
*
E quantas vezes ele deu a entender que eu estava com ele por interesse. Quantas vezes... Como se ele fosse algum sheik árabe. Soltou uma frase horrorosa que como, em inglês, eu fingi que não ouvi, que não estava prestando atenção. "Eu não sou rico, mas também não sou pobre. Pode ser que seja a sua chance". Chance de quê? Chance de quê, hein, francês? De ser humilhada novamente, de ser tratada como lixo por que sou sustentada? Pelamordedeus... Eu não mereço isso... Como se eu fosse uma preguiçosa que vivesse às custas de marido... E ainda que fosse, ninguém merece esse tipo de tratamento. Esses europeus vêm pra cá com o rei na barriga, todos com complexo de Luís XIV e de Napoleão. Acostumados a vir ao Brasil fazer turismo sexual, pensam que nós somos todas putas. O sonho da vida deles é meter no rabo de uma brasileira. E eu tenho que ser isso? Terceiro mundo adestrado, de cabeça baixa...
*
Quando foi na sexta-feira, passei a manhã fazendo faxina no quarto e no banheiro, enquanto ele comprava prancha nova e surfava. Depois fui com a minha mãe para fazermos compras no centro. Depois de um dia super cansativo, dirigi até Ipanema no trânsito das 5 da tarde, somente para buscá-lo para irmos para Rio das Ostras. Chegando lá esbaforida, ele me disse que não queria ir porque tinha festinha de franceses à noite. Minha mãe voltou para a rodoviária sozinha e acabou só conseguindo pegar o ônibus das 21. Sem necessidade. A festa era de rico, numa suíte de 2 andares em um motel na Niemayer, franceses comendo carne, fumando maconha e falando francês. Nem precisa dizer que eu fiquei deslocada. E ele ainda não me deixou sair com a roupa que eu queria, me mandou ao menos trocar de sapato. OK.
*
No dia seguinte eu estava um caco, cansadíssima. Ele cismou que queria comprar corda de segurança pra prender as pranchas em cima do carro. Isso era tipo umas 11 da manhã. Fomos procurar à pé pela zona sul, mas não encontramos nada. Resolvemos pegar o carro e ir à Leroy. O trânsito, daqueeeele jeito! Chegamos na Leroy não tinha, fomos ao Norte Shopping, não tinha. Fomos no Wall Mart, tinha. Isso já era umas 6 da tarde. Custava 50 reais e ele não quis comprar. Mão-de-vaca. Ok. Indo pegar o carro falei, tudo que quero é um banho e descansar. Toca o telefone. Era o Sidney, dizendo que tinha ingressos para irmos ao Maracanã. Botafogo e Fluminense, nem era o meu time. Eu não tinha escolha, fui da Leroy direto pro Maraca, torcer pro Botafogo (sem noção). Tive que passar no banco pra tirar dinheiro pra pagar o estacionamento. Maracanã com uma penca de franceses. Tinha show do Farofa Carioca no Estrela da Lapa às 23. Ok. Fomos os 4 no meu carro, pegando o caminho do centro para pegar o aterro, na minha cabeça. Chegando na Lapa ele falou: onde vamos estacionar o carro? Estacionar?, perguntei. É, aqui não é a Lapa? Calma lá, eu quero ir em casa tomar um banho. Não, o show é agora, eu não me importo! (e desde quando seria ele quem deveria se preocupar se eu estava limpa ou não?). Improvisação! Falei, me dá cá essa chave, se você quiser fique aí, eu vou em casa tomar um banho. Pois bem. Ele ficou. O Estrela da Lapa é um lugar onde as mulheres vão de salto e brilho, e eu ia suada fedendo, sem ter tomado um banho no dia. Ele me deixou dirigir sozinha da Lapa à Ipanema, às 23:30, debaixo de chuva. Nem ouvi o que estava tocando no rádio. Só chorava. Cheguei em casa com fome, estressada, chorando. Só chorava, chorava, chorava... É agora que arrumo as minhas malas e vou me embora, não vim aqui pra ser humilhada. Um francês baixinho metido, maconheiro, mão-de-vaca, mandão... Me manda trocar de roupa, mudar o sapato, corrige minha postura na mesa... Quem ele pensa que é pra me humilhar assim? Fica olhando pro meu pé pra dizer que eu ando errado... Eu falo errado, e penso errado, eu sou pobre, eu sou toda errada, nem francês eu falo... Que diabos eu estava fazendo naquela porra de Prudente de Moraes? Eu não mereço isso... Quem ele era pra me humilhar assim? Me deixar sozinha, quem é ele??? De noite, meia-noite, estava chovendo... Gastei um tempo chorando e comendo. Daí ele começou a me ligar. Eu estava com tanta raiva que decidi que não ia atender. Ia chorar mais um pouco, comer mais um pouco, arrumar as coisas e ir embora. Podia escrever um bilhete: improvisação, fui! Mas ele continou ligando. Ligou umas 4 vezes. Eu sabia que se eu atendesse ia derreter. Atendi. Vem pra cá, por favor... Esse aqui é um lugar especial pra gnte, nosso primiro beijo... É... Vou tomar um banho e já estou indo. Tomei um banho, botei um salto, me perfumei e fui. Peguei um táxi. Dancei feito uma louca, fingi que nada tinha acontecido.
*
*
*
Pra ilustrar a parte I, vão 3 letras. "Ciranda da Bailarina", again, Adriana Partimpim, "Ave-cruz" e "Lenda" ambas da Céu.
*
*
*
"Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Verruga nem frieira
Nem falta de maneira ela não tem
Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida ela não tem
Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatinaou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem
Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem
O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem
Procurando bem
Todo mundo tem... "
*
*
*
"ave cruz virge crispim - não tem dó de mim
ave cruz virge crispim - não tem dó de mim
ainda não vi terço
ainda não vi quinto
das novelas de tv
o que há de ser
não há letreiro
no final pra ver
o meu banheiro
ainda não está equipado
não tenho jacuzzi
nem chuveiro a vapor
meu deus faça o favor
de retornar o recado"
*
*
*
"E tome tento
Fique esperto
Hoje não tem papo
Jogo-lhe um quebrante
Num instante
Você vira sapo
Bobeou na crença
Príncipe volta
Ao seu posto
De lenda...
Seu nome
Ri na boca do sapo
Sua boca...
Já tá feito
Tá mandado
O seu trono tá plantado
Fica acerca de mim
Seu nome
Na boca do sapo
Sua boca na minha
O resto é boi dormindo
Em história errada
De carochinha"
*
*
*
*****

a busca por um super sem neuroses


Esse post vai ser longo, preciso falar, preciso falar, P-R-E-C-I-S-O-F-A-L-A-RRRRR!!!
As coisas não tem sido boas nos últimos tempos para mim, especialmente afetivamente falando. Fazendo uma retrospectiva puxando láaaa de longe, melhor falar lá de longe, já que resolvi fazer uma espécie de terapia nesse momento tão crucial, momento de decisão extrema. Ok, back to basement. Acreditando que todas as pessoas tem uma missão na vida, deixa-me tentar descobrir alguma para os que habitaram esse coraçãozinho que vos fala.
*
*
*
1 - Leonardo, meu primeiro beijo. Eu tinha o quê, 12 anos? Feio, coitado. Mas beijava muito bem, me ensinou um monte. Eu me sentia uma boba, fiquei com ele durante uns 6 meses sem conversar. Pensava que se eu falasse algo ia parecer ridícula. Sem noção. Missão: me ensinar a beijar.
*
2 - Oficialmente, Rodrigo Jorge. Uma figura patética. Meu primeiro namorado oficial. Pedi pra namorá-lo e depois disse que não queria, por telefone. Não me via com aquele figura que não conseguia andar e mastigar chiclete ao mesmo tempo. Missão: me ensinar que pedir em namoro e dar um pé nabunda é algo muito natural.
*
3 - Emerson, primeira vez, eu tinha 15 anos. Pedi pra namorar num sábado, no outro terminei. Disse que ele era um homem para casar e eu queriia beijar na boca e suspirar pelo Bon Jovi. Missão: aprender a ter cuidado com aquilo que se deseja.
*
4 - Zé Roberto. Meu primeiro namorado mais sério, eu tinha 16 anos. Foi meu primeiro homem, com quer tive minha primeira transa. Um santo, que eu invoco até hoje quando preciso de paciência divina. Namoramos 5 meses e ele queria casar. Terminei antes de completar o sexto, quando teoricamente iríamos noivar. Casou com a namorada seguinte e teve 3 filhos (ui!). Missão: tirar minha virgindade e me ensinar a pensar melhor no futuro.
*
5 - Matan. O grande amor da minha vida, eu tinha 16 anos. Nunca namoramos oficialmente, mas tivemos um relacionamento de uns 4 meses entre idas e vindas. Virou cara crônico, me apeguei a homens que me tratem mal. Me tratou mal feito uma inútil. Um judeu que nunca teve pretensão de me assumir para a família. Eu era pobre e ele rico, ele judeu e eu nada. Foi embora para a Europa morar com o pai milionário. Até hoje não sei se gosto dele. Missão: me enfiar um monte de traumas na cabeça, aprender a me colocar no meu lugar inferior no mundo e me iniciar no carma de só gostar de quem me trata mal.
*
6 - Mauro. Namorinho legal, divertido. Cabeludo, gostosinho, daquele jeito que eu gostava, um neném. Eu tinha 17 anos, por aí. Transamos muito, curtimos muito. Entre idas e vindas, durou 6 meses. Missão: aprender a namorar alguém que também gostasse de mim. Não funcionou porque ele era muito imaturo, depois de eu ter terminado com ele e ele insistido arduamente para voltarmos, me largou porque queria fumar maconha. Detalhe sinistro: fez uma tatuagem no braço com meu nome e sobrenome em letras rúnicas. Hoje deve ter virado um dragão.
*
7 - Sequência de atropelamento. Alberto, Leandro, Leo. Peguei os 3 ao mesmo tempo no SENAI. Um descobriu do outro e deu uma confucão danada. Missão: aprendi que não se pode pegar vários ao mesmo tempo, principalmente no mesmo local, furada.
*
8 - Emerson, segunda vez, 19 anos. Euu não sabi o que estava fazendo e fui morar na casa dele. Fiquei lá por 6 anos e meio. Dessa história já se sabe um pouco. Trabalhei feito uma mula, saí praticamente com uma mão na frente e outra atrás. Em consequência hoje eu tenho uma sinistra dívida no banco e uma vida que nem sei se serei capaz de manter. Estou vendendo o carro pra pagar contas. Depois de 7 anos de trabalho e de vida a dois ele teve o despeito de me chamar de interesseira. Mesmo eu decidindo não processá-lo. Missão: aprender a não confiar em ninguém. Saber bem onde estou me enfiando antes de cair de cabeça num casamento. (será que eu aprendi?)
*
9 - Rapha, com 26 anos. Ficamos uns 5 meses, eu pedindo pela-mor-de-deus-me-come e ele fugindo de mim igual o diabo da cruz. Paguei papel de ridícula publicamente. Resultado de anos de carência, foi o primeiro a passar a mão na minha cabeça. Missão: aprender a não insistir em transar com um homem que não queria transar comigo. (aprendi?)
*
10 - Leandro, com 26 anos. Maluquice total. Gostoso demais, 92 quilos de pura gostosura. Culturamente ignorante, precisava de um dicionário pra entender o que eu falava. Mesmo estando namorando teve a cara de pau de dizer que não confiava em mim, por isso nunca poderíamos ter um relacionamento. Saímos umas 4 vezes e hoje nem sei se ainda o acho bonito. Babaca de plantão. Cheguei a pensar em casar com ele (credoincruizo!). Missão: aprender a não ficar afim de um homem mais burro que eu.
*
11 - Rodrigo, o Pacheco, com 26 anos. Ficamos uns 6 meses. Quando o conheci, fez questão de parecer bom moço. Disse que queria coisa séria. Me enrolou, cheguei a pegá-lo com outra. Paguei papel de ridícula demais. Me apaixonei e fiquei burra. Sempre disse que não poderia oficializar namoro porque não estava preparado. Depois de eu ter desistido dele, começou a namorar uma mariola podre em menos de uma semana. Comecei a ficar com João, ele se arrependeu e me fez perguntas quase ao nível de saber se o pau do João era maior. No fim foi ele quem pagou papel de ridículo. Missão: aprender a ter noção e não me apaixonar por uma voz sensual, perfume gostoso e uma barba encorpada. (putz, essa eu aprendi?) Ah, aprender a não me iludir. (hein?). me fazer ter coragem de sair de casa.
*
12 - João Paulo, com 27 anos. Achei que tinha encontrado um príncipe encantado. Me apaixonei, arriei os 4 pneus. Jurou de pés juntos que ia largar a namorada pra ficar comigo, quem levou o pé na bunda fui eu. Me humilhei feito criança e ele continuou me comendo. Ridículo. Gostava de mim, mas me perdeu por falta de atenção, nem por causa da namorada. Cheguei a pensar em casar com ele e ir morar em Petrópolis. Covarde de carteirinha. Missão: aprender a não me apaixonar por um gatinho manhoso que faz promessas vãs. Parar de acreditar em príncipes encantados. (hein? essaí eu perdi).
*
13 - (ui, que número cabalístico!). Romain Bovy, com 27 anos. O conheci em dezembro, ainda estava com o João. Não faz o meu tipo físico, sojeito esquisito, estrangeiro, nem português fala. Fiz o possível para não me apaixonar, mas mostrou-se um príncipe encantado, irresistível. Passamos 10 dias de sonho e foi embora com a promessa de casarmos da próxima vez. Namoramos 3 meses cravados pela internet (foi embora 19 de dezembro, voltou 19 de março), atencioso e querido na maior parte do tempo. Começou a ficar esquisito umas 3 semanas antes de chegar. Quem era príncipe voltou sapo. Arrogante, mandão, excroto (só tenho essa palavra pra usar, sorry). Mais preocupado em surfar do que em ficar comigo. Mais detalhes no próximo post. Missão: deixar claro que eu preciso fazer terapia. Não é possível que eu só goste de quem não gosta de mim.
*
*
*
Enfim, depois desses homens que habitaram meu infinito particular, cabem várias reflexões. Como diz minha amiga Pomy: quem são suas referências? Quem você está buscando? Meu pai nunca foi um grande exemplo de "homem" pra mim. Mas ele sempre foi querido, afetuoso, gentil demais com minha mãe e com as filhas. Nos manteve em bons colégios, às custas de trabalho árduo. Cresci em uma casa onde o amor imperava, sem brigas, harmônica. Não tínhamos luxos, mas viajávamos nas férias, íamos ao cinema, visitávamos museus. No geral, um bom homem, por mais que ho~je não sejamos muito íntimos. Meu avô é um homem que sei-lá-porquê eu resolvi adotar como modelo. Heróico, trabalhador, criou os 8 filhos com imenso sacrifício, até passando fome. Um vitorioso que conseguiu construir sua casa e que hoje vive de forma tranquila. Mas sempre foi um tirano com a minha avó, que agora depois de velha resolveu respondê-lo. Não sei se é um bom exemplo.
Mas os 2 homens que eu estou comparando agora são bastante neuróticos. Emerson, meu marido de número 1, cresceu sem pai. Não sem pai efetivamente, mas o pai um bêbado inútil que a mãe pôs pra fora de casa. A mãe o criou feito um patrão, nada mais natural que ele resolvesse que ser patrão era dar amor. Virou um neurótico distorcido, sem referência de família amorosa. Romain, o suposto marido de número 2. A mãe morreu logo após o parto do irmão. Foi criado apenas pelo pai, um homem batalhador que ele admira muito. Não sei que tipo de referências ele tem de família, mas ele não viu o casal pai-mãe se comportar em casa. Não sabe como dar amor a uma mulher, não tem noções mínimas de gentileza e educação diante da dama. Não sei em que planeta vive, se é na França ou em Marte.
*
Estou cansada de homens neuróticos. Que tal aparecer um normalzinho pra mim? Quero um super que não precise fazer anos e anos de análise pra descobrir que gostaria de ter uma esposa e que quer se doar a ela, dentro de uma relação de doação mútua, companheirismo, amizade. Compartilhar, essa é a palavra. Sem brigas, sem disputa de ego. Quero viver de forma tranquila, um respeitando o outro da forma que é. Tempo máximo de espera: 10 anos.
*
*
*
A música pra ilustrar esse post é Grand'Hotel do Kid Abelha.
*
"Um dia um caminhão
Atropelou a paixão
Sem os teus carinhos
E tua atenção
O nosso amor
Se transformou
Em "bom dia!"
*
Qual o segredo
Da felicidade?
Será preciso ficar só
Prá se viver
Qual o sentido
Da realidade?
Será preciso ficar só
Prá se viver...
*
Se a gente não dissesse
Tudo tão depressa
Se não fizesse
Tudo tão depressa
Se não tivesse
Exagerado a dose
Podia ter vivido
Um grande amor..."
***
*
*
*
Preciso aprender a me amar mais.
*****