quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

o casamento da gata borralheira


Parece que tudo são flores, meu blog ultimamente anda até monótono. Parece que estou tão feliz... Parece? Sei lá, às vezes acho que parece, às vezes acho que não. Continuo morrendo de medo de assumir que estou feliz. Que estou plenamente feliz. Porque estou, sabe? Romain é o homem com quem eu quero viver o resto dos meus dias, ou pelo menos os próximos 10 ou 20 anos. Não me vejo com mais ninguém tão cedo. Tá certo, tive minhas dúvidas (até bem recentemente), mas agora não tenho mais. Ele me passa muita segurança, muita. Ele me faz ter muita certeza do que quer e a certeza dele é traduzida na minha certeza. Gosto dele, o amo. O tema parece monótono: o amor. Mas não é o que todos buscam? Eu também. Continuo buscando o amor. A loja está linda, está indo bem para o primeiro mês, lógico que isso me preocupa. Mas como sempre nos últimos anos, continuo passando a mão na barriga. Continuo ansiosa para o dia em que essa barriga será preenchida com um lindo bebê. Quero que o Romain seja o pai. Ele é a pessoa que me escolheu e que eu aceitei essa escolha. Queria tanto ter uma certeza plena da certeza plena dele. Continuo com o problema do tal do Atlântico. Nos falamos todos os dias, eu-te-amo-muito todos os dias. Mas só terei certeza plena de que os meus sonhos são realidade quando estiver dentro do avião, até lá tudo pode acontecer.
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Eu, logo eu, a gata borralheira. De pézão 39. Nunca teve sapato de cristal pra pé 39. Príncipe algum bateu lá na minha casa. Sempre de avental, vassoura na mão, limpando casa, fuligem. Trabalhando feito uma mula. E quem diria, prestes a me tornar a Madame Bovy. Prestes a me casar com um cineasta francês. Alguém acredita? Que a gata borralheira de São Cristóvão vai morar em Paris? É, eu também não. Até pra tentar dar uma amenizada nisso, pedi a ele que não morássemos em Paris agora (?) que fôssemos para Bonnieres, onde ele tem casa, 100km de Paris. Ele disse que em 3 semanas está tirando tudo do apartamento dele e levando para a casa onde iremos morar, que organizaremos tudo juntos. Um vilarejo na beira do Rio Sena. Alguém acredita? É, então, eu também não. Tá tudo bom demais pra ser verdade.
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Um homem lindo, sensível, que lê meus pensamentos. Com defeitos, como todos os seres humanos (é bom frisar e respeitar), com as possibilidades humanas de geração de problemas. Artista, arquiteto, fotógrafo, cenógrafo, cineasta. Sabe a lista do super? Praticamente preenchida, e preenchida nos pontos essenciais. Também não estou acreditando.
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Diz ele que quer se casar comigo. Acho bonitinho eu assinar "Gabi Robaine Bovy". Não só não se importou, como me deu força. Será que dessa vez eu me caso mesmo? Será que apareceu um príncipe capaz de me encarar assim, de cara pro juiz, de cara pra Deus? Vamos ver. Gostaria de me casar antes de ter filhos. Quero papel passado, não quero mais assinar "solteira". Sempre me incomodou isso. Quero ser a Senhora Bovy, Madame Bovy. Quero ter orgulho de ser esposa dele. E quero me casar na igreja. Nem precisa ter festa. Só a gente, meus pais, os padrinhos e a bênção da minha Igreja. Ia ficar muuuuito feliz. Pra mim seria imensamente suficiente. Eu o amo e quero que nosso amor seja abençoado.
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Será que finalmente a gata borralheira vai casar?
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Saberemos os próximos capítulos logo no início de março. A passagem dele é para o dia 19. Vou começar a correr contra o relógio, pra organizar tudo antes de viajar. Por mim a gente só fica aqui tempo suficiente para correr os papéis, se tiver algum papel (?). Eu o amo e não tenho nenhuma dúvida. Quando estiver na França eu falo sobre os sinais que me fazem ter certeza de que devo seguí-lo. Que ele é o meu homem. Que eu sou a mulher dele. Que devo amá-lo para sempre. Até que a morte nos separe (?). Que assim seja.
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Ele me disse que está deixando um filme no meio pra vir pra cá. Pediu licença do trabalho, acredita que vir aqui me buscar é o mais importante a ser feito no momento. É? Fico lisonjeada. Importante, né? Recusar trabalho... Ele deve saber o que faz. Fiquei mais feliz. Temos conversado sobre sermos adultos e responsáveis sobre nossas decisões. "Its my choice". Tô feliz. Tenho mais certeza ainda sobre o que estou fazendo.
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Pra ilustrar, uma música linda que ele me mandou, "Sing for you", da Tracy Chapman. Incrível como ele é tão lindo e romântico que me faz parecer uma ogra. Tomara que tudo isso seja verdade... Essa música me lembra ele dirigindo e eu deitada no colo dele... Lindo.
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"One, two, .. one, two, three, four
Sweet and high at the break of dawn
Simple tune that you can hum along too
I remember there was a time
When I used to sing for you
I used to sing for you
Knew all the words to the popular songs
With the radio on full volume
I remember there was a time
When I used to sing for you
I used to sing for you
Forget the chorus, you’re the bridge
The words and music to everyday
I’ve lived There’s nothing, I wouldn’t give
For one more time, when I can sing for you
Soft and low when the evening comes
Holding you, sleeping in my arms
I remember there was a time
When I used to sing for you
I used to sing for you"
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Eu amo o Romain.
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sábado, 24 de janeiro de 2009

o espírito da verdade


"Friendship - Love - Truth"
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"Seja a mudança que você quer ver no mundo", disse Mahatma Gandhi.
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Não, eu não posso viver mentindo. Repetindo o mesmo post de alguns dias atrás, "Arriscar-se". É difícil encarar que estou gostando de alguém de verdade. E que esse alguém é diferente de mim, que esse alguém me faz encarar realidades opostas, que esse alguém mora além-mar. Um alguém que mora após o Atlântico. Alguém que não fala a minha língua mas que ainda sim sabe o que eu sinto. Como isso é possível? Romain sabe exatamente quem eu sou e o que esperar de mim. Reponde meus anseios, minhas angústias. Nunca alguém me entendeu como ele.
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Preciso voltar ao meu caminho. Reorganizar meus pensamentos. Fugi - rapidamente - do caminho que tracei para mim, que traçaram para mim. Tive dúvidas, contestei. Tenho dúvidas, contesto. Mas eu já tomei a minha decisão: eu quero tentar. Já tomei minha decisão: eu amo Romain. E se ele quiser tentar também, vamos tentar firme. Procurar satisfazes as necessidades um do outro. Eu preciso adaptar meu jeito a ele e ele a mim. Mas não é isso que é a vida, adaptação? Viver é adaptar-se, tranformar-se. Mudar, mutar. Já escrevi aqui algumas vezes sobre isso.
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Às vezes eu me boicoto. Faço coisas estúpidas, inúteis, inférteis. E até me apego às infertilidades. Tenho medo de amar e ser amada. Tenho medo de isso não ser verdade. Será que é verdade? Nunca aconteceu comigo algo tão recíproco. Tenho medo de ver meu principal desejo realizado: reciprocidade. Se o preço a pagar pela reciprocidade é a distância, melhor me acostumar. Estou tentando... É difícil, mas estou tentando.
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Amar o Romain é fácil e difícil ao mesmo tempo. É o amor mais fácil que eu já tive, pela tranquilidade que eu compreendo que o sentimento dele é muito próximo do meu. O mais difícil por ter que aguentar uma ausência - provavelmente perpétua. Caso dê certo, que eu acredito IMENSAMENTE que dará, teremos sempre que suportar essas distâncias temporárias. Mas talvez isso seja interessante. Estar sempre com saudade... E quando estiver junto, tentar sempre ser a melhor pessoa possível para compensar essa saudade... Talvez seja bom.
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Quando eu ouço a voz dele eu tenho certeza. Quando eu o vejo eu tenho certeza. Só não tenho certeza quando ele não está comigo. Talvez isso seja a maior das babaquices que eu já fiz. Tenho vergonha dessas contestações. "Quero ser eu, seja lá o que isso for", disse Miles Davis. "Ser ou não ser", disse Shakespeare. É isso aí. Assumir o que sente, parar de ter medo, parar de me boicotar, respeitar o sentimento. E ponto final.
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"Eu amanheço pensando em ti
Eu anoiteço pensando em ti
Eu não te esqueço
É dia e noite pensando em ti
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Eu vejo a vida
Pela luz dos olhos teus
Me deixe ao menos
Por favor pensar em Deus
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Nos cigarros que eu fumo
Te vejo nas espirais
Nos livros que eu tento ler
Em cada frase tu estás
Nas orações que eu faço
Eu encontro os olhos teus
Me deixe ao menos
Por favor pensar em Deus"
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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

stormy weather


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Saudade, saudade, saudade...
Quando penso que vai passar, ela volta.
Aquela saudade de todo dia,
de ver todo dia.
Queria que as coisas fossem diferentes,
mas não são.
Talvez sejam um dia...
Tão diferentes, tão parecidos.
Só sei que preciso te ver novamente.
Hoje.
Amanhã.
Depois de amanhã.
Vê se não demora.
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Pra celebrar a chuva (que não pára!), vamos de Etta James e "Stormy Weather".
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"Dont know why theres no sun up in the sky
Stormy weather
Since my man and I aint together
Keeps raining all the time
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Life is bare, gloom and misery everywhere
Stormy weather
Just cant get my poorself together
Im weary all the time
So weary all the time
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When he went away the blues walked in and met me
If he stays away old rockin chair will get me
All I do is pray the lord above will let me walk in the sun once more
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Cant go on, everything I had is gone
Stormy weather
Since my man and I aint together
Keeps rainin all the time"
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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

pedra no sapato do herói


Vidas passadas.
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Eu não sei, eu não sei...
Já estive mais segura. Agora eu não sei.
Um dia ele vai aprender a ler minha língua, ler minha mente, talvez ele entenda tudo.
Talvez não.
Não costumo ser entendida, compreendida.
Não estou segura, já estive mais.
Ele comprou passagem para o dia 19 de março. Parece que a minha voz sumiu.
Era pra eu estar gritando, pulando de felicidade... Mas agora eu não sei.
Tantas coisas, tantas coisas...
Sonhos juntos, sonhos separados.
Não, eu não quero ser uma dona de casa.
Não, eu não quero fazer tudo novamente...
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Rebecca O'Connel. Kork, Ireland, 1814.
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Continuo egoísta, continuo pensando nos meus próprios objetivos. Quem diria, de uma feiticeira capaz de se prostituir em busca de liberdade e conhecimento, transformada em uma estilista-escritora-sonhadora capaz de matar (ou me matar) para defender a família. Continuo perseguindo aquilo que acredito.
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Cada dia que passa vejo mais claramente nossas diferenças. Mas talvez seja a distância. Não via tantas diferenças quando estava deitada, com a cabeça no peito dele. Sentindo aquele perfume ruivo. Não sei. Não sei, não sei, não sei... Estava tudo tão claro... Agora eu não sei. Vamos ver quando ele chegar. Eu o amo, claro que eu o amo. Mas estou com medo... Repetindo pela milionésima vez: "Medo de subir, gente, medo de cair, gente, medo de vertigem, quem não tem?". Sou muito cheia de raiz. Adoro rotina. Adoro ficar. Gosto de dormir e acordar na mesma hora, e fazer exatamente as mesmas coisas todos os dias entre esses dois horários. Comer as mesmas comidas. Sair com os mesmos amigos. Quero uma casinha, arrumadinha, bonitinha, com jardinzinho. Fazer almoço. Ir à Igreja aos domingos. Filhos... Quero meus filhos bem, estáveis. Quero ter segurança, passar segurança. Ir à academia, ver filme com pipoca na sexta. Passear no sábado com meu amor e com as crianças. Sentar no colinho do meu amor. Botar comida pros bichos. Ir à praia. Lavar o carro junto. Dormir todo dia junto, todo dia junto... Sou muito essa coisa todo-dia-ela-faz-tudo-sempre-igual-me-acorda-6-horas-da-manhã. Tenho medo país diferente, clima diferente, língua diferente, trabalho diferente, grana diferente, cultura diferente, humano diferente. Frio... - 10 graus. Não quero falar mais sobre isso com ele. Pareço uma mulher neurótica. Não sou neurótica, mas sou assustada. Fiz de tudo pela minha família, daí largar tudo... Mas também tenho medo de não largar. É uma dicotomia fudida... Puta merda... (ô, desculpa palavrão no blog). Não posso dizer não sem tentar. Mas tô assustada.
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Tô com medo de continuar a ser a mesma pessoa. Medo de ser diferente. Medo de ser coerente, medo de não ser. 3 dias que não consigo ir à academia. Preciso voltar amanhã, senão viro um bujão (novamente).
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Ah, consegui mudar de apartamento. Passando pra casa de cima! Estou feliz, é maior, melhor e no mesmo lugar. Muito bom, muito bom.
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Reorganizando as metas de trabalho. Tenho que levar tudo muito à sério esse ano. Acabou estágio. Agora a vida é pra valer. Não tem mais marido pra me ajudar financeiramente e nem vai ter tão cedo, se é que vou permitir isso novamente na minha vida.
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Os novos acontecimentos estão me perturbando. Acho que estou apaixonada novamente. Devia era tomar umas porradas (ou um bom banho gelado) pra ver se tomo jeito nessa vida. Devia me preocupar mais com o meu trabalho e menos com o coração.
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Ah, Bovy... Que que eu faço, hein? Por que você está demorando tanto?
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A música de hoje é "As Horas", da afinadíssima Marjorie Estiano.
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"Outra vez eu não ouvi tuas palavras
Você sempre tem razão
Como posso me arriscar sem dar ouvidos?
Teu instinto me querendo sempre bem...
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Eu vejo nas horas
O que não se vê
Me perco lá fora
Pensando em você
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Um dia eu aprendo
E mudo de rumo
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Sei que posso te provar que não há nada
Nessas horas de ilusão
Me perdoa me aceita no seu mundo
Me devolve tudo que já era bom
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Eu vejo nas horas
O que não se vê
Me perco lá fora
Pensando em você
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Um dia eu aprendo
E mudo de rumo"
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

da arte de arriscar-se


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Da arte de arriscar-se.
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Viver, atirar-se.

"Atire a primeira pedra... Quem não sofreu, quem não morreu por amor... Todo corpo que tem um deserto tem um olho de água por perto".

Arriscado, muito arriscado. Entregar o coração a alguém que mal se conhece. Entregar não apenas o coração, entregar a vida. Resolver que sua vida só vale a pena se for ao lado do outro.

Enganar-se. Pretender, fingir. Fingir que existem outras razões para ir embora, quando na verdade a razão é uma só: o amor.

Arriscar-se pelo amor? E se não der certo? E se ele não me amar como eu o amo? Será que devo, finalmente, confiar no amor? Encontrar motivos apenas de amor para seguir na vida... Será que vale a pena?

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Disse D. Juan: “Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o quantas vezes julgar necessário. Então, faça apenas a si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, ele não tem a menor importância.”

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Eu estou na trilha do guerreiro de Castañeda e os ensinamentos de D. Juan. “A maneira mais eficaz de se viver é como um guerreiro. Um guerreiro pode se preocupar e pensar antes de tomar uma decisão, mas uma vez que a tomou, segue seu caminho, livre de preocupações ou pensamentos; haverá mil outras decisões ainda à sua espera. Esta é a maneira do guerreiro”. Às vezes é difícil tomar uma decisão. Mas uma vez tomada, deve ser seguida sem olhar pra trás. Outras virão depois dessa.

Acontecimentos precedem e sucedem acontecimentos. Na minha vida sempre foi assim. Nunca fui muito de buscar pelas coisas. As coisas acontecem porque eu estava exatamente no local certo, na hora certa. Diz-se da minha vida: "Evolução depende das circunstâncias". Tudo sempre dependeu das circunstâncias. Gosto delas. Gosto dessa coisa de acaso, até excessiva. Parece que o universo conspira a meu favor. Me sinto com sorte. Próxima das estrelas.

Mas é preciso ter perseverança além da sorte. Arriscar-se e insistir. Acreditar. Eu estou acreditando, quero acreditar. Hoje estávamos conversando sobre um futuro utópico e pleno. Nós dois, numa casa grande de fazendinha, com 5 filhos, animais e internet. Um carro bem grandão pra filharada e um 4X4 pra gente passear de vez em quando, eu e ele. Eu continuaria trabalhando, escrevendo... E ele poderia cuidar da fazenda. Isso não seria perfeito, seria mais que perfeito, seria o nirvana, o paraíso. Ele disse, por que não? Eu disse, por que não? Vamos pensar sobre isso. Amor parece que não falta. Do meu lado, não falta. E eu sinto que ele me ama tanto quanto eu. Isso é acreditar. É arriscar. Acredito, arrisco, amo, desejo, trabalho, persevero, conquisto. Conquistaremos juntos. Eu e ele, nosso amor e nosso trabalho. Juntos.

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A música de hoje é "Eu sei que vou te amar", do perfeito Vinícius de Moraes. Só que em Francês... Pra celebrar o momento.
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“Tu sais, je vai t'aimer
Même sans ta présence, je vais t'aimer
Même sans espérance, je vais t'aimer
Tous les jours de ma vie
Dans mes poèmes, je t'écrirai:
"C'est toi que j'aime, c'est toi que j'aimerai
Tous les jours de ma vie"
Tu sais, je vais pleurer
Quand tu t'éloigneras, je vais pleurer
Mais tu me reviendras et j'oublierai
La douleur de mes nuits
Tu sais, je souffrirai
A chaque instant d'attente, je souffrirai
Mais quand tu seras là, je renaîtrai
Tous les jours de ma vie”
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Quem quiser assistir o vídeo da música em francês: http://www.youtube.com/watch?v=QOJyG50Rhm8
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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

hoje o dia está esquisito


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Hoje estou me sentindo meio estranha. Está tudo bem com a loja, está tudo bem por aqui. Mas é o meu coração... Hoje estou angustiada. Sabe aquela saudade? Tá virando um buraco. O que era uma saudade assim, gostosa, tá virando uma coisa esquisita emburacada. Tipo faltando um pedaço mesmo. Tipo minha outra metade está lá do outro lado do mundo. Se fosse São Paulo, ia ser longe toda vida... A gente podia se ver de 15 em 15 dias, sei lá. Mas na França não. Na França é longe como do outro lado do mundo. Tem que atravessar um oceano inteiro. Atlântico, tal de Oceano Atlântico. Nome graaaande. A-tlân-ti-co. Enrola no meio e ainda tem acento circunflexo. Um âaaan de graaaande. Aliás, nem sei se ainda tem acento, com essas mudanças do Português. Diz que lá na França as pessoas não gostam de gente que não fala Francês. Será? Eu não sei. Ontem eu estava com menos medo que hoje. Acabei de riscar X em mais 6 dias no calendário, tinha esquecido de marcar. Já passou um tanto de janeiro, quase metade. No calendário parece quase metade. 31 dias, metade é 15 e meio, dia 15 e meio faz metade, faltam 3 dias pra metade.
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É uma energia esquisita. Hoje estou com medo. No melhor estilo "Medo de subir, gente, Medo de cair, gente, Medo de vertigem, quem não tem?". Período estranho. Dá vontade de me jogar na cama e me enfiar embaixo do edredon até esperar passar. Daí quando eu acordar, vou estar com meu amor, numa casa arrumadinha, falando francês e tudo certo. Vou levantar, lavar meu rosto e preparar um café bem gostoso pra ele. Tudo normal, feito todo dia deveria ser.
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Se não der certo, vou ficar triste. Vai ser um grande amor da minha vida que eu vou perder. Mas se der certo, vai ser esquisito. Talvez me mude ainda antes do que eu esperava. Estranho, muito estranho. Morar na França. Morar em Plutão. Frio de - 10 e todo mundo falando francês.
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Mas com o meu amor. Quero muito morar com ele.
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A música hoje é "Um Girassol da Cor do Seu Cabelo", do Milton Nascimento.
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"Vento solar, estrelas do mar
A terra azul da cor do seu vestido
Vento solar, estrelas do mar
Você ainda quer morar comigo?
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Se eu cantar não chore não
É só poesia
Eu só preciso ter você
Por mais um dia
Ainda gosto de dançar
Bom dia
Como vai você?
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Sol, girassol, vejo o vento solar
Você ainda quer morar comigo?
Vento solar estrelas do mar
Um girassol da cor de seu cabelo
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Se eu morrer não chore não
É só a lua
É seu vestido cor de maravilha nua
Ainda moro nesta mesma rua
Como vai você?
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Você vem?
Ou será que ainda é tarde demais?
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Se eu cantar não chore não
É só poesia
Eu só preciso ter você
Por mais um dia
Ainda gosto de dançar
Bom dia
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Como vai você?
Você vem?
Será que é tarde demais?"
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em 2009

Escrevi faz uma semana, mais ou menos. Estava sem internet.
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E 2009 vem vindo, 2009 veio vindo e já veio. É um mundo novo, uma vida nova, tudo novo. Estranho pra mim, muito estranho. Pra mim é um ano 1, 2 vezes 1, um ano 11, 2+0+0+9, um ano 2, 1+1. Um ano de começo e de estabelecimento, ano de saber o que quer e ir buscar. Não posso mais ter dúvidas, apenas certezas, ainda que erre nas minhas certezas. Ano de ser adulta de uma vez. De não ter ninguém por mim, ninguém a me vigiar ou controlar. Ser meu próprio freio e controle remoto (remoto daqui mesmo). Cérebro eletrônico de mim, apertando meus próprios botões. Como é duvidoso precisar ter certezas!
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Uma nova cidade, Rio das Ostras. Aqui é bom, é agradável... Lembro de alguns anos atrás, quando planejava vir morar aqui. Eu e Emerson viemos aqui (faz o quê, uns 4, 5 anos?) buscar preços de terrenos, queríamos construir nossa tão sonhada casa, com um daqueles projetos maravilhosos que depois ele aprendeu fazer. Ano passado viemos e compramos o terreno. Casamento acabou. Mas eu continuei querendo ir pra fora do Rio. Adoro o Rio, mas estou cansada daquela balbúrdia, de sujeira, violência, pobreza, corações quebrados. Quero ir embora. Perguntei no meio do ano pra onde mamãe queria ir, Rio das Ostras, quero montar uma lojinha por lá. Estamos aqui agora. Então posso dizer que atingi essa meta. Estamos com uma lojinha linda em Rio das Ostras, morando a uma quadra da praia.
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Eu queria muito morar perto do mar. Domingo fui à praia. Sabe que nem estou com aquela cor verde-plutoniana? Tô de marquinha de biquíni... Tô bunitim. Voltei a malhar hoje. Detonar as poucas gorduras acumuladas nestes 3 meses parada e voltar a ganhar massa muscular (perdi 3 quilos nessa brincadeira). Voltar a tomar minhas proteínas... Quero estar bonita quando ele chegar. Se for possível, quero cuidar das minhas pernas, que estão muito feias. Cuidar de mim antes, cuidar dele depois, cuidar da gente junto.
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Agora eu tenho um carro... Um carro nosso, um carro meu, minha responsabilidade. Mais uma. Eu gosto dele. Acho que ando repetitiva no blog, né? Mas preciso estabelecer determinadas bases. Repetir é bom pra ter certeza daquilo que se quer.
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Eu me sinto bastante coerente. Gosto de ser eu mesma. Desde sempre que eu queria sair do Brasil pra ver o que tem lá fora. Andei planejando fazer isso aos 18, ir para a Austrália, já estava vendo os esquemas. Daí eu casei com 19 e abortei a missão. Sempre disse: se fosse solteira eu iria embora. Agora eu estou solteira, mas espero que não por muito tempo. Felizmente meu novo amor também quer que eu vá embora, senão isso seria um problema.
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2009. Continuo querendo casar e ter um filho até os 30. Estou apaixonada. Ele é um homem maravilhoso, talvez um dos mais maravilhosos que eu já conheci. Somos parecidos do jeito que tem que ser mesmo, daquele jeito bom de viver junto. Lá está fazendo -5 e isso me apavora. Me apavora um pouco também pensar que podemos ser de realidades sociais diferentes. Mas acho que isso será resolvido em breve. O frio não, o frio eu vou ter que conviver com ele mesmo.
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Romain diz que vem pro Rio em abril ou maio. Eu acredito, quero acreditar. Devemos passar um tempo juntos por aqui antes de irmos embora. Quero muito viver com ele. Quero muito ir embora e quero muito viver com ele, as duas coisas, as duas coisas juntas.
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Prolixa, estou prolixa. Ando conversando pouco, escrevendo pouco, talvez até pensando pouco. Daí quando desata é uma verborragia só. Peguei meu diário de papel pra voltar a escrever nele. Num novo relacionamento sempre aparecem coisas a serem confessadas para mim mesma, não publicamente.
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A gente fez 1 mês no dia 6. Um amor de sagitário, 6 de dezembro. Sagitário é um signo bom. Expansivo, comunicativo, divertido, intenso. Vai ser bom viver um amor de sagitário, está sendo bom. Mas sinto muita saudade dele, muita... Botei umas fotos aqui no meu computador, pra que eu veja o dia todo. Tem uma bonita, com a barba ruiva bem do lado do meu mouse. O dia todo eu fico alisando a foto da barba ruiva. Muito macia... A foto não, a barba. E perfumada. Saudade dessa barba linda e ruiva.