quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

pedra no sapato do herói


Vidas passadas.
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Eu não sei, eu não sei...
Já estive mais segura. Agora eu não sei.
Um dia ele vai aprender a ler minha língua, ler minha mente, talvez ele entenda tudo.
Talvez não.
Não costumo ser entendida, compreendida.
Não estou segura, já estive mais.
Ele comprou passagem para o dia 19 de março. Parece que a minha voz sumiu.
Era pra eu estar gritando, pulando de felicidade... Mas agora eu não sei.
Tantas coisas, tantas coisas...
Sonhos juntos, sonhos separados.
Não, eu não quero ser uma dona de casa.
Não, eu não quero fazer tudo novamente...
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Rebecca O'Connel. Kork, Ireland, 1814.
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Continuo egoísta, continuo pensando nos meus próprios objetivos. Quem diria, de uma feiticeira capaz de se prostituir em busca de liberdade e conhecimento, transformada em uma estilista-escritora-sonhadora capaz de matar (ou me matar) para defender a família. Continuo perseguindo aquilo que acredito.
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Cada dia que passa vejo mais claramente nossas diferenças. Mas talvez seja a distância. Não via tantas diferenças quando estava deitada, com a cabeça no peito dele. Sentindo aquele perfume ruivo. Não sei. Não sei, não sei, não sei... Estava tudo tão claro... Agora eu não sei. Vamos ver quando ele chegar. Eu o amo, claro que eu o amo. Mas estou com medo... Repetindo pela milionésima vez: "Medo de subir, gente, medo de cair, gente, medo de vertigem, quem não tem?". Sou muito cheia de raiz. Adoro rotina. Adoro ficar. Gosto de dormir e acordar na mesma hora, e fazer exatamente as mesmas coisas todos os dias entre esses dois horários. Comer as mesmas comidas. Sair com os mesmos amigos. Quero uma casinha, arrumadinha, bonitinha, com jardinzinho. Fazer almoço. Ir à Igreja aos domingos. Filhos... Quero meus filhos bem, estáveis. Quero ter segurança, passar segurança. Ir à academia, ver filme com pipoca na sexta. Passear no sábado com meu amor e com as crianças. Sentar no colinho do meu amor. Botar comida pros bichos. Ir à praia. Lavar o carro junto. Dormir todo dia junto, todo dia junto... Sou muito essa coisa todo-dia-ela-faz-tudo-sempre-igual-me-acorda-6-horas-da-manhã. Tenho medo país diferente, clima diferente, língua diferente, trabalho diferente, grana diferente, cultura diferente, humano diferente. Frio... - 10 graus. Não quero falar mais sobre isso com ele. Pareço uma mulher neurótica. Não sou neurótica, mas sou assustada. Fiz de tudo pela minha família, daí largar tudo... Mas também tenho medo de não largar. É uma dicotomia fudida... Puta merda... (ô, desculpa palavrão no blog). Não posso dizer não sem tentar. Mas tô assustada.
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Tô com medo de continuar a ser a mesma pessoa. Medo de ser diferente. Medo de ser coerente, medo de não ser. 3 dias que não consigo ir à academia. Preciso voltar amanhã, senão viro um bujão (novamente).
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Ah, consegui mudar de apartamento. Passando pra casa de cima! Estou feliz, é maior, melhor e no mesmo lugar. Muito bom, muito bom.
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Reorganizando as metas de trabalho. Tenho que levar tudo muito à sério esse ano. Acabou estágio. Agora a vida é pra valer. Não tem mais marido pra me ajudar financeiramente e nem vai ter tão cedo, se é que vou permitir isso novamente na minha vida.
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Os novos acontecimentos estão me perturbando. Acho que estou apaixonada novamente. Devia era tomar umas porradas (ou um bom banho gelado) pra ver se tomo jeito nessa vida. Devia me preocupar mais com o meu trabalho e menos com o coração.
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Ah, Bovy... Que que eu faço, hein? Por que você está demorando tanto?
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A música de hoje é "As Horas", da afinadíssima Marjorie Estiano.
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"Outra vez eu não ouvi tuas palavras
Você sempre tem razão
Como posso me arriscar sem dar ouvidos?
Teu instinto me querendo sempre bem...
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Eu vejo nas horas
O que não se vê
Me perco lá fora
Pensando em você
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Um dia eu aprendo
E mudo de rumo
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Sei que posso te provar que não há nada
Nessas horas de ilusão
Me perdoa me aceita no seu mundo
Me devolve tudo que já era bom
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Eu vejo nas horas
O que não se vê
Me perco lá fora
Pensando em você
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Um dia eu aprendo
E mudo de rumo"
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