Primeiro dia sem ele. Esperei que ele me ligasse, esperei que ele me ligasse já pra saber como eu tinha chegado de viagem. A viagem foi péssima, estava muito cansada, quase bati o carro umas 20 vezes. Graças a Deus, tudo bem, cheguei bem. Ele não ligou. Liguei pra ele era umas 19, ele passou o dia na praia, surfando. Eu estava com tanta saudade... Ouvindo Alicia Keys, "How come you dont call me?". No dia seguinte esperei ele ligar, ele ligou. Começou a ligar, não ligou o quanto eu gostaria. Passaram os dias e foi batendo uma saudade... Saudade nele e saudade em mim. Tinha dia que eu pensava com raiva, tinha dia que eu só sentia saudade. Saí todos os dias com minha amiga Pomy. Pomy é um anjinho que Deus botou no meu caminho, minha companhia nessa cidade de gente abstrata, Deus abençoe a Pomy. Escrevi um e-mail para ele, contando que não podeira mais vê-lo tão cedo, que compreendo que ele está de férias, que quer e deve viajar, mas que eu não tenho grana para seguí-lo, que não me sinto à vontade pra usar o dinheiro dele, que queria que ele se divertisse muito, mas que me deixasse trabalhar caso ele realmente quisesse que eu fosse pra França com ele. Me respondeu prontamente, com I LOVE YOU bem grandão. Disse que compreendia a minha situação com o meu trabalho e minha família, que eu tome o tempo que fosse necessário, mas que ficar no Rio sem mim não tem graça. Fiquei feliz, fiquei feliz, fiquei apaixonada... Achei tão bonitinho o e-mail dele. Queria colocar aqui, mas já escrevo demais, já é pessoal demais, imagina copiar e colar o e-mail dele. Ainda bem que ainda não entende português e ninguém que entende lê meu blog, senão ele poderia ficar chateado. Ele não sabe que eu publico esse monte de coisas pessoais. Mas, pessoalmente, isso é parte de mim e seria legal que ele aceitasse. Mas não sei se eu acharia legal contarem opiniões tão pessoais a meu respeito. Não sei, precisaria pensar sobre isso. Enfim. O e-mail é lindo, acreditem, o e-mail é curtinho mas é bem lindo. Dia seguinte ele me ligou. Coisa mais linda do mundo... Me ligou dizendo que não queria ficar sem mim, que ele pagava o combustível do Roberto (meu carro), que pelamordedeus eu fosse ficar com ele no fim de semana. Vou pensar, vou pensar... Tô com muita saudade! Vou pensar... Imagina... Lógico que eu vou! Saudade danada...
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Fui na sexta, peguei o ônibus de 17:40. Cheguei no Rio quase 21, o motorista era lerdo... E pra escolher roupa pra ir? Ô desgraça! Romain é do tipo "cliente azul cerúleo", gosta do modelo e não gosta da cor, gosta do modelo e da cor, mas não gosta do feitio. Arrumei uma malinha enxuta, com o básico, fui de havaiana e levei dois sapatos de salto.
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Foi tão lindo quando eu cheguei... Ele estava sozinho no apartamento. Me olhou de um jeito tão carinhoso... Me abraçou de um jeito tãaaooo amor... Me senti querida, me senti amada... Ele disse que eu estava linda, perfumada, disse que não queria passar mais de duas semanas sem me ver... Que não queria mais viver sem mim... Foi tão lindo, tão lindo... Estava cansada, dormimos, eu nem troquei de roupa, capotei na cama abraçadinha com ele. Me sentindo querida...
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No sábado fomos à praia, eu ele e o Sidney. Tinha visto na TV que ia ter ressaca no Rio, mas não imaginava quanto! Quase não tinha areia na praia, a galera se espremia em meio metro pra tomar sol. Cada onda que parecia tsunami! Wraaaaawwwww! Êita marzão! Daí veio um helicóptero dos bombeiro bem rasinho junto da galera, o moço pra fora gritando e fazendo gesto: sai, sai, saiiiii!!!! Não passou dois segundos veio o mar junto.. wwwwwwwrrrraaaaaawwwwww!!! Engulindo tudo! As pessoas perdendo cerveja, máquina, chinelo... Um sol lindo, um dia lindo, um mar lindo e muito louco! Felizmente ninguém se machucou, foi bem bonito e engraçado. Depois o Sid foi pra casa e eu e ele ficamos dando uma volta.
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Daí ele falou que queria comprar logo a minha passagem. Quê? Não entendi. Quê? Comprar a sua passagem. Você tem que se decidir, quero comprar sua passagem na terça-feira. Ih... Ainda não sei. Preciso pensar. Então pensa. Já tem apartamento em Paria pra ficar, já conseguimos um apartamento. Quero que você se decida e vá comigo. Ai... Não sei... Me deixa pensar.
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De noite, festa na casa da Dani, lá no Vidigal. Ela é brasileira, morou 10 anos em Paris, casou com um francês descendente de russos, com um nome que fala "vassiá", mas não faço idéia de como escreve. Eles são legais. Reclamou do meu sapato, botei um saltinho. O irmão dele disse que minha roupa estava legal, vestido azul e sapato azul. O irmão dele é uma gracinha, um fofo, muito gentil. Fiz um bolo de cenoura com cobertura de chocolate, todo mundo gostou. Era um churrasco, uma galeeera... A Ludi, uma francesa super fofa, com quem eu joguei pôquer da outra vez, estava lá. Me deu 50 reais pela partida de pôquer, acredita? Me diverti e ainda ganhei uma grana. Show. Conheci mais várias pessoas legais, enchi a cara... Bebi um monte. Misturei caipirinha, caipivodka de lima, cuba libre, wisky, cerveja... Cruz... Ludi fez um sanduichão pra mim, muito bom, já que não como carne... Dancei muito, conversei muito. Eu eu Romain saímos de lá tortos, trocando as pernas. Chega, hora de ir embora... Como diz meu querido Ed Motta: "eu quero mais, só não sei se aguento...". Acordei às 6:20, fui ao banheiro e ainda estava bêbada. Quero beber mais assim não... Esse povo bebe muito, na próxima posso dar vexame... Melhor me controlar...
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Domingo, dormimos um monte. Compramos o jornal, queríamos ir a um museu. Essa ele já aprendeu: eu gosto de ir a museus. Adivinha? Reclamou da minha roupa. Eu quero é novidade. Reclamei da dele também. Passei uma camisa bonita pra ele usar, apesar dele ter reclamado (aqui no Brasil é assim, benhê, mulher passa a roupa do homem. ele ficou meio chocado de eu saber passar camisa de homem). Não usou a camisa que eu passei, foi de camiseta mesmo. Eu de saia godê, blusa de gravatinha, sapato alto boneca e ele de havaianas e camiseta. Indo pra festas diferentes, mas tudo bem. Resolvemos ir ao Oi Futuro. Passamos num bar no Largo do Machado pra ver o jogo do MMMMeeeengão! Comemos bolinho de bacalhau. Bacana. Depois de ver a exposição, que não foi grandes coisas, passamos nos jardins do Museu da República. Um lugar muito especial pra mim, obrigada... Mas ele não soube muito ser romântico. Quis logo ir embora, sem vibe. Perguntando demais, falando demais, arredio demais, fechado demais. Tá bom, tá bom, vamos embora.
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Disse que queria ir comigo pra Rio das Ostras, que queria ficar mais um pouco comigo, já que não sabíamos quando nos veríamos novamente. Vamos então. Quis que fôssemos na minha universidade de manhã, para tomar informações sobre uma possível tranferência pra França. Como já era de se imaginar ao que conhecemos da UFRJ, rodei 300 salas e não consegui nenhuma informação contundente. Ele ficou meio revoltado. Quanta desorganização! É, Brasil, mo bein, universidade pública. Depois fomos ao centro da cidade, tinha que comprar umas coisas e ele queria comprar uma mochila. Pegamos o ônibus quase 18, chegamos aqui bem tarde... Legal ficar mais com ele, mesmo buzinando no meu ouvido. Foi bem carinhoso da parte dele querer vir.
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Ficar aqui na casa todo mundo junto é meio chato. É tenso, sei lá, todo mundo dorme junto, a casa é pequena, meio incômodo. Ele disse que ia ficar uns 2 dias, mas acabou ficando a semana toda. Saímos, fomos no Amendoeiras, fomos no Bar da Boca. Enchemos a cara, meu Deus, bebendo muito... Fomos pra praia 3 da manhã, muito louco... Ficamos namorando no pier... Muito bom ter alguém pra fazer essas coisas. Quando a gente tá junto desse jeito, chego a esquecer das grosserias que ele faz.
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Mas daí chega o dia seguinte, ele fica arredio e fala alguma merda. Do tipo que não quer se casar nunca, que nunca vai casar comigo... Fala um monte de bobagens, corrige minha postura andando, fala novamente das minhas roupas, quer me mudar fisicamente... Arredio demais, incomodado, me incomoda. Daí passa 5 minutos e fica mais calmo. Sei lá, bipolar. Estranho pensar em viver com alguém assim.
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Disse que queria viajar comigo no fim de semana. Cismou de ir pra Ibitipoca. Ibitipoca é em Minas, fica 4 horas de distãncia daqui. Liguei pra uma porção de pousadas, mas não tinha vaga em nenhuma. Acabei conseguindo convencê-lo de ir ao Sana, que é muito pertinho daqui e também é lindo. Mas isso é um próximo capítulo, próximo post. Como estou conseguindo desenrolar essa história maluca dentro de mim e dentro dele.
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Só sei que estou muito sensível. E pra ilustrar essa sensibilidade, "Quem foi", da musa Marisa Monte.
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"Quem foi que me deixou
No limite do amor
Entre o lar e a morada
Eu estou entre o adeus
E a contrapartida
No meio do fio
Na corda bamba, é o amor
Entre risos nervosos
Tenho os olhos meus
Sobre os sonhos teus
Deixa o coração
Ter a mania de insistir em ser feliz
Se o amor é o corte e a cicatriz
Pra quê tanto medo
Se esse é o nosso jeito de culpar o desejo"
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Gabi no limite do amor, na linha tênue, sem saber se vai ou se fica.
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