Hoje não posso dizer que estou absolutamente feliz. Estou de TPM, mau humor danado. Sentindo muita falta do Romain. Ouvi Maria Rita no som do carro, cantando : "De repente cai o nível e eu me sinto uma imbecil / Repetindo, repetindo, repetindo como num disco riscado / O velho texto batido dos amantes mal amados, dos amores mal vividos / E o terror de ser deixada / Cutucando, relembrando, reabrindo a mesma velha ferida / E é pra não ter recaída que não me deixo esquecer / Que é uma pena, mas você não vale a pena, não vale uma fisgada dessa dor". Lembrei de João. De Rodrigo, de Rapha e de outros que me deixaram triste ultimamente. Da sinistra sequência de erros amorosos. Falei com o Guto agora no Skype. Quero muito vê-lo na Europa. Tenho uma incrível admiração por ele. Misturada de tudo. Admiração. Sinto orgulho de mim mesma quando ele fala comigo, me sinto especial. Estava contando um pouquinho sobre a minha separação, mas não deu muito tempo porque ele foi embora. Agora estou ouvindo Vinícius (ah, lembrei que o Guto citou Vinícius). Está tocando "Insensatez": "Ah, quem nunca amou não merece ser amado...". Romain continua me mandando mensagens diárias. As mensagens dele me deixam imensamente feliz, imensamente. Continuo com receio de esse romantismo ser apenas um romantismo francês, não exatamente pra mim. Assim como o furor sexual do carioca não é necessariamente direcionado e sim natural, talvez o romantismo francês seja natural. Hoje estou melancólica. 4 meses passam rápido. 4 meses comigo mesma, pensando em mim, 4 meses sem fazer amor e sem beijos. 4 meses me preparando para uma nova vida. Fico olhando as fotos. Só quero beijar aquela boca rosa dentro daquela barba ruiva. Aqueles olhos... Como dois cristais. Sinto o perfume dele e isso me bate uma solidão maior ainda. Correndo contra o tempo... Muito tempo para ficar sem ele, pouco tempo para organizar tudo. Pouco tempo para juntar dinheiro. Quero ir ainda em 2009. Para romper as fronteiras da minha alma e para ficar com ele. Quero vê-lo acordar e dormir. Quero ser esposa novamente. Quero ser esposa dele. E quero fazer tudo diferente. E quero fazer algumas coisas igual. Quero deixar tudo bem, mas ir embora mesmo se não der pra ficar perfeito. Sinto que tenho que ir, que tenho que ir... E que será difícil ir. Mas que será necessário. Deixar minha família vai ser quebrar um laço umbilical bastante rígido. Mas eu tenho que ir. Quase como um feito messiânico, quase como Jesus. Continuar o caminho para seguir as profecias. Professias que foram feitas 11 anos atrás, na escritura do meu mapa astral. Até agora tudo tem sido daquela forma. Quero continuar sendo eu. Quero ser eu até o fim. Cumprir as professias até o fim. Seguir o script da vida. Por isso, tenho que ir. Não posso me conformar, não posso me acomodar. Não posso achar que está bom. A inquietação persiste... Enquanto a inquietação persistir, tenho que prosseguir caminhando. O sentimento "dont belong". Não sou daqui, não pertenço. Ainda não sou eu. Mas sinto que estou chegando muito, muuuito perto daquilo que começarei a ser. Posso sentir o cheiro do destino. Posso sentir o perfume do futuro chegando. Estou cada dia mais mau-humorada, isso deve ser um sinal. Cada dia mais querendo fazer as minhas próprias vontades e com vontade de não ouvir muito as vontades dos outros. Passei tanto tempo ouvindo os outros... Fazendo tudo que me mandavam. Ou fazendo tudo que achava que iria agradar. Ganhei o quê? XP. Ganhei XP, como se diz no RPG, ganhei experiência. Hoje sou mais eu do que era 10 anos atrás. Hoje estou mais perto de mim. Mas estou cansaaadaaa... Já estou cansada. Quando olho no espelho, ou nas fotos, vejo uma menina. Não combina com o que tem dentro. Não combina com a rudeza, a aspereza da minha alma. Ninguém sabe o quanto a minha alma é áspera. Lixa de concreto. Procuro manter uma certa maciez, mas vez em quando eu cuspo um paralelepípedo. Não posso virar cacto, mas não quero ser bonequinha. Estou cansada. Quero abraçar o Romain. Quero dormir com ele. Fazer enroladinhos com o cabelo. Tem uns fios brancos que saem bem perto da orelha direita, uns encaracolados empalidecidos, mostrando um futuro grisalho. Romain é lindo... Lindo de um jeito que eu nem sei como não vi antes. Tem um jeito muito másculo. Jeito lindo de ouvir música, de morder o lábio inferior e balançar a cabeça quando toca uma música boa. E ele só gosta de música boa! Jeito de gostar de beijar. De ser sofisticado e simples ao mesmo tempo. É uma energia de marido. Uma energia de como é bom ficar junto. De só ficar ao lado. De viajar junto. É lindo ver o Romain dirigindo. É muito bom deitar no colo dele no carro, dormir um pouco na estrada. Me sinto segura. Quero ir por mim, pelo futuro da minha empresa, pelo futuro da minha família. Mas não posso mentir tanto assim para mim mesma: quero ir por ele. Quero muito que isso seja verdade. Quero muito ter a segurança de passar pelo menos uns 10 anos ao lado de alguém querido. Conviver, partilhar, crescer junto. "A felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar... Voa tão leve, mas tem a vida breve... Precisa que haja vento sem parar..." está tocando agora. "A gente trabalha o ano inteiro por um momento de sonho pra fazer a fantasia... De rei ou de pirata ou jardineira... E tudo se acabar na quarta-feira...". Não quero ser uma amor de verão. "Mas não é verão na Europa".
*
*
*
A música de hoje é "Para ver as meninas", com a incrível Marisa Monte.
*
*
*
"Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco a dor no peito
Não diga nada sobre meus defeitos
Eu não me lembro mais quem me deixou assim
Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos
Para ver as meninas
E nada mais nos braços
Só este amor assim descontraído
Quem sabe de tudo não fale
Quem não sabe nada se cale
Se for preciso eu repito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito"
*
*
*
Não posso deixar de voltar nele antes de finalizar os escritos de hoje.
*
"Poética I
*
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
*
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
Oeste é meu norte.
*
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando."
*
*
*
*****
Nenhum comentário:
Postar um comentário