Bem, a coisa aconteceu assim, resumindo e contando bem rapidinho um capítulo compacto-único-monobloco, rapidinho que pode desembocar em mais um pedação da minha vida (estamos juntinhos torcendo pra isso).
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Eu estressadona, na Feira da Providência. Numa vibe totalmente João ainda, chateada de ele não me ligar, preocupada com tudo, com carro, com produção, com tudo... Daí ele foi fazer compras no estande juntinho do meu, lá nos meus amigos da Hey Tú. O cartão dele não passou, precisava tirar dinheiro. Francês, falava nada de Português. Aí eu pedi pra Mari ajudá-lo, ela fala bem. E eu nem aí né, total nem é meu tipo. Não curto baixinho, não curto loiro, não curto estrangeiro. Parece o Till, namorado da Mari. E a Mari achou ele tãaaaaooo lindoooouuuu... Aí eu pedi pra ele deixar o contato dele e a gente deu o nosso. No dia seguinte ele mandou uma mensagem pra mim, falando q era o francês, se queria sair pra tomar um chopp. Achei fofo mas não respondi. E não é que o cachorro mandou a mesma mensagem pra Mari? Pra mim em Inglês e pra ela em Francês. Obviamente que eu ignorei geral, não fui com a cara do sujeito e ainda achei ele um canalha. Mas a Mari (meu amor, minha querida...) continuou falando com ele. Queria marcar de sair. E eu nem aí. Daí no dia anterior a minha crisma, dia 6, fomos ao Estrela da Lapa. E Mari tinha chamado o francês. E eu ainda assim ignorando. Dançamos, bebemos, normal. Aí ele me pediu pra tirar fotos com a câmera dele. E eu comecei a olhar as fotos. Cada foto linda... Começamos a conversar. E ele falando no meu ouvido. Que voz... E uma barba ruiva perfumada... Deu vontade de roçar o rosto na barba. Rocei. E parei de conversar, fui dançar. Subi ao terceiro andar com Mari e Till. Chamei ele pra ir. Sentou na minha frente e conversamos mais. A barba roçou novamente. Aí não teve jeito, beijamos... E eu ainda na vibe do João. Achando tudo estranho. Ele me convidou pra ir dormir com ele. Não queria. Queria que o João me ligasse, queria dormir com João. No dia seguinte ia ser a minha crisma. Ele disse que estava de carro, que me trazia no dia seguinte. Não queria ir, mas Deus me mandou ir. Avisei: não vou transar, não quero. Estava menstruada e não queria dormir com ninguém que não fosse o João. E o francês foi perfeito. Chamava Romain. Me levou num apezão lindo lá na Sernambetiba... Emprestado de um amigo francês. Uma vista que só. Papo bom. Cineasta, culto, só escuta música boa... Cheiroso... Dormiu comigo sem me encostar a mão. De uma gentileza que nunca vi na minha vida. Não sei se é coisa de francês ou coisa dele. No dia seguinte foi comigo na minha Crisma, fez questão. Suportou mais de 4 horas de cerimônia sem entender uma só palavra. Depois foi com a Mari pra um festinha e me chamou pra ir. Eu pensei se ia ou não. Fui. Fui e dormi com ele. Aí me perdi. Não teve jeito. Foi estranho, ainda tinha coisa de João em mim. Mas ele disse que gostaria de passar os 10 dias que ainda lhe restavam ao meu lado. Achei aquilo muito doido. Eu disse que ia embora, que ia pra Rio das Ostras. Ele falou: vou também. Eu falei: tá doido, vai nada, você tá de férias, eu não, tenho que trabalhar. Eu te ajudo. Ajuda nada... Ajudo sim. Pedi um dia. Ele esperou. E foi, e veio.
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Uma pessoa que eu nunca tinha visto na vida. Um tal de Romain. Um cara que não é o meu tipo, que não me chamou atenção. Loiro, olhos azuis, baixinho. Mas ele veio me ajudar a pintar a loja em Rio das Ostras. Carregou lata de tinta na cabeça. Com uma paciência, carinho comigo, com a minha família... Comecei a me apegar.
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Ele ia viajar com a Mari pra Paraty. Começou a cismar que eu tinha que ir junto. Não vou, não vou, não fala bobagem. Eu tenho que trabalhar, você está de férias e eu não. Você vai sim, claro que pode tirar 3 dias. Posso não! Pode, não posso, pode sim, não posso não. Olhei no fundo daqueles olhões azuis. Me bateu uma saudade infinita... Deixar ele ir viajar sozinho, eu ia morrer. Precisava mais dele. Tinha que ir. Fui.
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Que viagem linda... Cada dia eu gostando mais dele. Mais fofinho, mais lindinho, mais maridinho. Lá pro último dia começou a bater uma tristeza louca. Eu ia voltar pra minha vida e ele terminar sua viagem sem mim. Aí ele me chamou no carro. Botou uma música linda... Uma puta duma lua cheia foda no céu. Dançamos abraçadinhos. Aí eu comecei a chorar, né, como não... Nunca vi um homem assim na minha vida. Romântico, atencioso, delicado... E ele disse não... Não chora... Disse que me amava. Que não era o fim, mas o começo. Que a gente ia se ver novamente, que ele ia voltar no meio do ano... Foi lindo. Daí pra frente foi só aumento da intimidade.
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Acabou a viagem de Paraty. Voltei pro Rio, fazer compras com a mammy pra loja. Lógico, não deu tempo de voltar pra casa. Dormi com ele novamente. No dia seguinte, não deu tempo novamente. Adivinha? Dormi com ele... hihihihi... Achei o carro esquisitão. Resolvi levar na oficina. A mesma bosta de problema no freio. Morri numa grana firme, mas fiquei com o carro bom e tive que dormir com ele novamente. E no dia seguinte... Não deu tempo de o carro ficar pronto e dormi novamente com ele! Isso foi hoje. Hoje de manhã foi a última vez que nos vimos nessa temporada e ele nesse momento está voando pra Madri e de Madri pra Paris. Chega em casa por volta das 14 amanhã.
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E não é que ele conseguiu passar os 10 dias comigo?
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Passeamos, fomos ver praias, museus, shopping, lagoa, cristo. Foi lindo. Mas bem mais do que isso, foi íntimo. Sinto que encontrei meu segundo marido. Eu posso dizer, com segurança, que o amo. Que posso esperar por ele. Cada dia seguinte que ficávamos juntos era mais importante que o dia anterior. Tínhamos discussões mais importantes sobre a vida. Nos conhecíamos mais. Em 10 dias, talvez ele saiba mais sobre os meus sentimentos do que gente que me conhece faz anos. Romain conhece todas as minhas expressões, sabe se estpu alegre ou triste, sabe se estou insegura, pensativa... Ele é carinhoso, sensível. Trabalhador. Temos tanto papo, tanto em comum... Foram dos melhores dias da minha vida. Já falamos sobre como será nossa vida em comum, sobre futuro, filhos... Já estamos definindo detalhes. Apesar da cultura diferente, ele me passa muita segurança. Acha que eu vou ficar bem em Paris. Acha que vou aprender rápido a língua, que vou trabalhar muito, que vai ser ótimo. Que vamos formar uma família linda e sermos bem felizes. Eu quero. Muito. Sinto falta de um marido pra cuidar, de dividir a vida. O plano é que ele vem no meio do ano e que no início de 2010 eu vou pra lá. Aí a gente testa, vê se funciona, aí eu fico ou não. Eu gosto dele. Ele gosta de mim também. Não acho que a distância seja um problema. Ele é solteiro, eu também. Não temos impeditivos que não nossos planos. Decidimos que queremos isso, fizemos juras e promessas. Eu acredito, ele também. Então vamos ver qual é, o máximo que pode acontecer é não ficarmos juntos pro resto da vida. Mas o que é o resto da vida? Estamos plenamente dispostos a tentar.
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Fico meio insegura. Mas eu quero muito. O amo muito. Rápido, eu sei. Mas posso dizer que só se conhece uma pessoa vivendo junto. Vivi quase 7 anos com uma pessoa que continuava me surpreendendo a cada dia. Não existe tempo suficiente para se conhecer alguém. Eu conheço Romain suficientemente bem para dizer que quero viver com ele.
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Será diferente, terei que aprender muito, punk demais, punk rock. Mas será bom.
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Pra ilustrar, vamos de Boca Livree seus "Mistérios":
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"Um fogo queimou dentro de mim
Que não tem mais jeito de se apagar
Nem mesmo com toda água do mar
Preciso aprender os mistérios do fogo pra te incendiar
Que não tem mais jeito de se apagar
Nem mesmo com toda água do mar
Preciso aprender os mistérios do fogo pra te incendiar
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Um rio passou dentro de mim
E eu não tive jeito de atravessar
Precisa um navio pra me levar
Preciso aprender os mistérios do rio pra te navegar
Um rio passou dentro de mim
E eu não tive jeito de atravessar
Precisa um navio pra me levar
Preciso aprender os mistérios do rio pra te navegar
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Vida breve
Natureza
Quem mandou ... coração?
Vida breve
Natureza
Quem mandou ... coração?
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Um vento bateu dentro de mim
Que eu não tive jeito de segurar
A vida passou pra me carregar
Preciso aprender os mistérios do mundo pra te ensinar"
Um vento bateu dentro de mim
Que eu não tive jeito de segurar
A vida passou pra me carregar
Preciso aprender os mistérios do mundo pra te ensinar"
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