"Quantas vezes uma metade se afastou de mim... E outra já não fez parte... Quantas vezes eu não quis reconhecer quem sou... E no espelho já não tinha ninguém... Quantas vezes eu fugi achando que assim encontraria em sou... Pra ficar em mim... Mas estou tão longe, longe de mim... A vida é assim, como posso viver?", disse Heverton Castro.
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*Quem acompanhou um pouco dos meus posts desde dezembro sabe. Tudo que fiz foi pensar nele, tudo que fiz foi esperar por ele. Não soube fazer mais do que esperar por ele durante este tempo. Mal consegui trabalhar. Mal consegui pensar em mim, ligar para os meus amigos, até mesmo mal consegui escrever. Desde o dia 19 de dezemro a principal coisa que fiz foi marcar um X em cada dia que se passava no calendário.
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Então ele chegou. Dia 19 de março, mais ou menos umas 21:30. Comprei vestido novo, não o vermelho, mas um verde bem bacana também. Comprei maquiagem pra ficar bem linda, comprei uma bota de salto alto arrasadora, comprei lingerie pra deixar ele de boca aberta. Comprei roupa de dormir, robe pra ficar em casa feito boa moça, comprei tênis pra correr junto, comprei presente. Lavei o carro, afinal tinha que estar com o carro bem cheirosinho para buscá-lo. Cortei o cabelo no salão, comprei lentes de contato. Pintei a unha 2 vezes, pra ter certeza de que estaria bom. Fui para o aeroporto, cheguei uma hora antes, por aí. Tão nervosa, não parava de bater o saltinho no chaõ. Toc, toc, toc, tooooccc... E o pouso adiando mais 5, 10 minutos. Nada dele chegar. Ansiosa, ansiosa, ansioooosaaa... Aí ele chegou.
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Com muita cara dele mesmo. Baixinho, bem baixinho, mas jeitosinho. Aquela cor de Renoir, aquela cor rubra. A pele rosadinha, feito carne de salmão. O cabelo encaracolado, daquele encaracolado que eu gosto de ficar enrolando com a mão. A barba... Era ela mesma. A barba cor de fogo que eu tinha me apaixonado. Os mesmos olhos de esmeralda. O perfume era aquele mesmo, o cheiro forte dele. Usava uma jaqueta verde da cor dos olhos com um desenho colorido rabiscado nas costas. Ele chegou como se fosse muito normal eu esperá-lo no aeroporto, como se fosse a milionésima vez que eu fizesse isso. Ninguém gritou, ninguém desmaiou de nervoso, sem grandes furores. Foi meio esquisito falar em Inglês, tive que ativar uma chavinha no meu cérebro. Com pouca bagagem, 2 pacotes de cigarro e umas 3 malas. Pouco para 3 meses. Me trouxe um pacote de revistas. Sentou do meu lado no carro. A sensação que tive foi: é ele mesmo. Seja lá o que isso for.
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Chegamos no apartamento, o tal que eu ajudei a escolher pela internet. Sidney e Walter vieram ajudar a carregar as malas. Que lindinhos, que educados! O Sidney parece muito mesmo irmão dele. Mesmo cabelo, mesmos traços. Simpático, gostei. Colocamos as coisas no quarto. Essa noite ficou um certo hiato na minha mente. Não lembro bem o que aconteceu. Sei que agente saiu pra jantar, mas sinceramente não lembro onde. Ah, lembrei. Fomos no Garota de Ipanema, bem pertinho à pé. Não comi nada, nem sabia onde colocar os braços. Ele comeu um pedaço de carne enoooorme, de uns 3 quilos e mais pizza. Os meninos acompanharam. Tomei uns 2 chopps e só. Eles falavam em Francês e eu morrendo de vergonha. O jantar passou rápido, liguei pra Pomy no meio, só pra dizer que eu estava desesperada que eles só falavam Francês e eu estava insegura. Ok, casa.
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Entrei no quarto com cara de virgem. Com cara de quem não tem vaga idéia do que fazer com o corpo. Apagamos a luz e acendemos o abajour. Relaxate. Tirei a roupa. A lingerie acho que ele nem prestou muita atenção. Que coisa boa beijá-lo... Sentir o cheiro dele. Era ele mesmo. O beijo dele é o melhor do universo, disparado. O sexo foi bom, muito bom para uma primeira noite. Muito bom para o que tinha sido em dezembro. Sexo é o de menos, bom mesmo é dormir e acordar junto.
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Acordar junto. Olhar dentro daquele olhão verde. São 3 seres em separado: ele, a barba e os olhos. O olho é de uma cor tão absurda, tão absurdamente linda... E a pupila que dilata e contrai quado foca... Demais. Coisa linda aquele olho. Dá vontade de dormir e acordar junto pra poder ver aquele olho abrindo e fechando.
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Acordamos e fomos no mercado, primeiro dia. Como não conheço a zona sul, resolvi ir ao mercado no centro. Um trânsito in-fer-nal, daquele estilo Rio de Janeiro. Passei a comida no meu cartão, porque o dele não passou. Chegamos de volta tarde, tipo umas 14. Fomos pro quarto. Depois ele me "mandou" pra cozinha "gentilmnte", pra fazer almoço. Aí começa a minha via-crucis, conhecendo uma das verdaderas faces de Romain Bovy. Fiz lentilha, arroz integral, panquea de milho. Comecei 3:30 e ele me apressando dizendo que estava demorando, que estavam com fome... Ficou bom, eu achei. Os meninos repetiram 2 vezes. Ele mal botou no prato e não elogiou. Tá bom?, perguntei. Ele balança a cabeça, é, hum, tá. De um jeito bem mal-criado, bem sei-lá-tá-mais-ou-menos. Depois eles quiserem ir ao show do Natiruts, que eu detesto. Fiz compra por telefone, passei no meu cartão novamnte. Ih, arrumei um francês pra sustentar, pensei pela segunda vez. Ele falou mal da roupa que escolhi, fui digindo até a Barra com ele reclamando. Peguei o caminho errado de tanto nervosismo, indo para um lugar que já fui mais de 300 vezes. O show foi ruim como eu esperava, ele quase não me tocou a noite toda. Me senti esquisita. Depois eles me pagaram o dinheiro do ingresso e das compras, que alívio.
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No dia seguinte não lembro, acho que fomos à Prainha. Os meninos surfaram, eu fiquei esperando na praia. Almoçamos uma sardinha horrorosa. Ele continua esquisito. Saímos à noite, eu acho, não lembro o que fizemos. Talvez tenhamos ido jantar, não lembro Os fatos ficam meio confusos de organizações na minha cabeça, já que não anotei nada. Falando assim, meio solto... Ah, no domingo eu quis ir à igreja e ele foi comigo. Almoçamos na casa da minha tia. Eu estava linda, de vestido novo, ele não disse que eu estava bem, pelo menos ainda não estava com coragem de dizer que eu estava feia. Encontramos a Lilian, fomos no ap novo dela, ele teve a cara-de-pau de perguntar quanto foi e disse que em Pars não se compra nem uma casinha de cachorro com esse dinheiro, que se quisesse comprava um ap daquele. À noite encontramos a Lilian novamente, fomos jantar num restaurante francês. Não sabia onde colocava as mãos. Ele corrigiu minha postura na mesa e vigiou cada um dos meus movimentos. A conta foi mais de 600 reais e eu tive vontade de sumir. Assim, abrir um buraco negro e sumir.
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Vários fatos esquisitos foram acontecendo. Era como se existissem 3 Romains: um amoroso e delicado que mora na cama, um ditador e tirano que levanta e me manda trocar de roupa, e um terceiro marrento e distante que se mistura com os amiguinhos. Teve um dia que eu o sacudi e falei: ei, quem é você, que monstro é esse que enguliu Romain, porque você não é Romain! Na cama estava 30 vezes melhor, mas a convivência absolutamnte insuportável. E uma disparidade, porque os amigos dele me tratavam muito melhor do que ele.
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Teve uma noite que pedi pra irmos à livraria, pra tomarmos um café e estudarmos. Que coisa esquisita o jeito que ele me tratava... Eu disse que conheci um francês e brinquei com a frase, "mon mari est francese" (meu marido é francês)... ele respondeu todo grosso: não sou seu marido, sou seu namorado, petit ami... Fiquei tão triste... Me chamar de namorada... Começou a falar uma porção de coisas estúpidas sobre casamento, que nem pensava em se casar tão cedo... Falou que eu tinha que ir na universidade cuidar da minha transferência, mas que não tocasse no nome dele... Desde que chegou não queria nem falar sobre o nosso futuro. Definitivamente não era o mesmo homem que em dezembro disse que se casaria comigo, e que pela internet fez tantos e tantos planos. Algum pouco tempo atrás me pediu para que eu fosse à embaixada ver como seria para nos casarmos e eu que disse que preferia esperar por ele... Quem era esse homem que não queria planejar futuro comigo e que estava me chamando de namorada? Sabe o que é uma namorada? Gente que você come por um tempo e quando enjoa arruma uma briguinha qualquer e joga fora, sem nenhuma pretensão... Arruma outra, troca... Já estou meio velhinha pra isso, não?
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E quantas vezes ele deu a entender que eu estava com ele por interesse. Quantas vezes... Como se ele fosse algum sheik árabe. Soltou uma frase horrorosa que como, em inglês, eu fingi que não ouvi, que não estava prestando atenção. "Eu não sou rico, mas também não sou pobre. Pode ser que seja a sua chance". Chance de quê? Chance de quê, hein, francês? De ser humilhada novamente, de ser tratada como lixo por que sou sustentada? Pelamordedeus... Eu não mereço isso... Como se eu fosse uma preguiçosa que vivesse às custas de marido... E ainda que fosse, ninguém merece esse tipo de tratamento. Esses europeus vêm pra cá com o rei na barriga, todos com complexo de Luís XIV e de Napoleão. Acostumados a vir ao Brasil fazer turismo sexual, pensam que nós somos todas putas. O sonho da vida deles é meter no rabo de uma brasileira. E eu tenho que ser isso? Terceiro mundo adestrado, de cabeça baixa...
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Quando foi na sexta-feira, passei a manhã fazendo faxina no quarto e no banheiro, enquanto ele comprava prancha nova e surfava. Depois fui com a minha mãe para fazermos compras no centro. Depois de um dia super cansativo, dirigi até Ipanema no trânsito das 5 da tarde, somente para buscá-lo para irmos para Rio das Ostras. Chegando lá esbaforida, ele me disse que não queria ir porque tinha festinha de franceses à noite. Minha mãe voltou para a rodoviária sozinha e acabou só conseguindo pegar o ônibus das 21. Sem necessidade. A festa era de rico, numa suíte de 2 andares em um motel na Niemayer, franceses comendo carne, fumando maconha e falando francês. Nem precisa dizer que eu fiquei deslocada. E ele ainda não me deixou sair com a roupa que eu queria, me mandou ao menos trocar de sapato. OK.
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No dia seguinte eu estava um caco, cansadíssima. Ele cismou que queria comprar corda de segurança pra prender as pranchas em cima do carro. Isso era tipo umas 11 da manhã. Fomos procurar à pé pela zona sul, mas não encontramos nada. Resolvemos pegar o carro e ir à Leroy. O trânsito, daqueeeele jeito! Chegamos na Leroy não tinha, fomos ao Norte Shopping, não tinha. Fomos no Wall Mart, tinha. Isso já era umas 6 da tarde. Custava 50 reais e ele não quis comprar. Mão-de-vaca. Ok. Indo pegar o carro falei, tudo que quero é um banho e descansar. Toca o telefone. Era o Sidney, dizendo que tinha ingressos para irmos ao Maracanã. Botafogo e Fluminense, nem era o meu time. Eu não tinha escolha, fui da Leroy direto pro Maraca, torcer pro Botafogo (sem noção). Tive que passar no banco pra tirar dinheiro pra pagar o estacionamento. Maracanã com uma penca de franceses. Tinha show do Farofa Carioca no Estrela da Lapa às 23. Ok. Fomos os 4 no meu carro, pegando o caminho do centro para pegar o aterro, na minha cabeça. Chegando na Lapa ele falou: onde vamos estacionar o carro? Estacionar?, perguntei. É, aqui não é a Lapa? Calma lá, eu quero ir em casa tomar um banho. Não, o show é agora, eu não me importo! (e desde quando seria ele quem deveria se preocupar se eu estava limpa ou não?). Improvisação! Falei, me dá cá essa chave, se você quiser fique aí, eu vou em casa tomar um banho. Pois bem. Ele ficou. O Estrela da Lapa é um lugar onde as mulheres vão de salto e brilho, e eu ia suada fedendo, sem ter tomado um banho no dia. Ele me deixou dirigir sozinha da Lapa à Ipanema, às 23:30, debaixo de chuva. Nem ouvi o que estava tocando no rádio. Só chorava. Cheguei em casa com fome, estressada, chorando. Só chorava, chorava, chorava... É agora que arrumo as minhas malas e vou me embora, não vim aqui pra ser humilhada. Um francês baixinho metido, maconheiro, mão-de-vaca, mandão... Me manda trocar de roupa, mudar o sapato, corrige minha postura na mesa... Quem ele pensa que é pra me humilhar assim? Fica olhando pro meu pé pra dizer que eu ando errado... Eu falo errado, e penso errado, eu sou pobre, eu sou toda errada, nem francês eu falo... Que diabos eu estava fazendo naquela porra de Prudente de Moraes? Eu não mereço isso... Quem ele era pra me humilhar assim? Me deixar sozinha, quem é ele??? De noite, meia-noite, estava chovendo... Gastei um tempo chorando e comendo. Daí ele começou a me ligar. Eu estava com tanta raiva que decidi que não ia atender. Ia chorar mais um pouco, comer mais um pouco, arrumar as coisas e ir embora. Podia escrever um bilhete: improvisação, fui! Mas ele continou ligando. Ligou umas 4 vezes. Eu sabia que se eu atendesse ia derreter. Atendi. Vem pra cá, por favor... Esse aqui é um lugar especial pra gnte, nosso primiro beijo... É... Vou tomar um banho e já estou indo. Tomei um banho, botei um salto, me perfumei e fui. Peguei um táxi. Dancei feito uma louca, fingi que nada tinha acontecido.
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Pra ilustrar a parte I, vão 3 letras. "Ciranda da Bailarina", again, Adriana Partimpim, "Ave-cruz" e "Lenda" ambas da Céu.
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"Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Verruga nem frieira
Nem falta de maneira ela não tem
Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida ela não tem
Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatinaou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem
Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem
O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem
Procurando bem
Todo mundo tem... "
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"ave cruz virge crispim - não tem dó de mim
ave cruz virge crispim - não tem dó de mim
ainda não vi terço
ainda não vi quinto
das novelas de tv
o que há de ser
não há letreiro
no final pra ver
o meu banheiro
ainda não está equipado
não tenho jacuzzi
nem chuveiro a vapor
meu deus faça o favor
de retornar o recado"
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"E tome tento
Fique esperto
Hoje não tem papo
Jogo-lhe um quebrante
Num instante
Você vira sapo
Bobeou na crença
Príncipe volta
Ao seu posto
De lenda...
Seu nome
Ri na boca do sapo
Sua boca...
Já tá feito
Tá mandado
O seu trono tá plantado
Fica acerca de mim
Seu nome
Na boca do sapo
Sua boca na minha
O resto é boi dormindo
Em história errada
De carochinha"
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2 comentários:
pela mãe do guarda amiga...faaaala sério?quequeissu?
Qsqtuvafê?
mari
E ai amiga ?????????? como c tá?
pelo q li voltou né? aiaiaiai eu ja disse pra vc que só voce tem o poder de mudar a sua propria vida !!! mas nao te critico não , eu sei como é ... mas se cuida viu ! nao deixe ninguem fazer de vc uma boneca sem vontade propria !vc vale muito !
pelo que li , vc não consegue mesmo ficar sozinha um tempo !!! precisa sempre de alguém pra te cuidar ! depois temos que falar . quando quiser me manda mensagem no email q entro no skype ..
beijão doce
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