sábado, 15 de novembro de 2008

fingindo sentimentos


Tem gente que choca um pouco com as postagens do blog. Não é pra chocar... E olha que eu apaguei uma gama de posts descontrolados. É preciso entender a tal da "licença poética". Quando escrevo, naquele exato segundo, é o que estou sentindo. Escrever é o canal para fugir do surto. É a verborragia, o vômito-palavreado. Escrevo diários desde os 12. Tenho caixas com páginas que registram meu primeiro beijo, minha primeira vez com um homem, minhas diversões, meus amigos que passaram, meus amigos que estão... É bom ver a evolução do pensamento, até ver o quanto ainda há de coerência no que penso. Eu gosto de me conhecer através dos escritos. É bom... Nem sempre é verdadeiro, porque a verdade é instantânea. Posso escrever "nunca mais quero vê-lo", e cinco minutos depois enviar uma mensagem pedindo pelamordedeusnãomedeixa.
*
Gabi é um ser assim, cheio de paradoxos. Ser simples e complexo. Tão fácil de entender... Tão fácil, tão simples, tão óbvio, que o ser-Gabi torna-se insuportavelmente complexo. Fácil de conviver, difícil de suportar. Fácil de ler, difícil de compreender. Se eu digo que amo, é porque amo. Mas será fácil amar? Pra mim é... É fácil amar agora. Amei José Roberto, Matan, Leo, Mauro, Emerson, Guto, Rapha, Marcelo, Leandro, Rodrigo, João. Cada um a seu modo. Uns mais poéticos, absolutamente platônicos, outros físico-concretos. Não sei se amei pouco, não sei se amei muito. Hoje eu amo demais... Amo a ele em cada pedacinho. Quero continuar amando. E hoje essa é a minha verdade.
*
Amor de verdade, é Fernando Pessoa. É ele que explica exatamente o que sinto. Ele que me compreendia (compreende, sei lá), porque também convivia com verdades-mutáveis (uma verdade pode ser mutante?). Ele que disse a mais verdade de todas as verdades: "Navegar é preciso, viver não é preciso". Existe bússola pra vida? Como fazemos para saber para onde ir? Ser poeta de alma é uma arte para poucos. Tem um dito popular muito bom pregado nos carros por aí: "Falar de mim é fácil, difícil é ser eu". Muito bom!
*
*
*
"Autopsicografia
*
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
*
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
*
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."
*
*
*
"Isto
*
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo.
Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
*
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
*
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
*
Sentir?
Sinta quem lê!"
*
*
*
Fernando, te amo!!!
*
*
*
E para ilustrar musicalmente esse momento "metalinguagem", vamos de "Try a Little Tenderness"
*
*
*
"Oh she may be weary
Those young girls they do get weary
Wearing that same old shaggy dress
But when she gets weary
You try a little tenderness
I know she's waiting
Just anticipating
The thing that you'll never never possess
No no no but while she's there waiting
Try just a little bit of tenderness
That's all you got to do
Now it's not just sentimental no
But she has her griefs and cares
But the soft words they are spoke so gentle
And it makes it easier to bear
Oh she won't regret it, no no
Them young girls they don't forget it
Love is their whole happiness
But its all so easy
All you got to do is try
Try a little tenderness
You've got to
Hold her
Squeeze her
Never leave her
Now get to her
Got to try a little tenderness"
*
*
*
*****

Nenhum comentário: